“Protestos” sob o mote “democracia” marcam 21 de abril

Ouro Preto,
28 de Abril de 2016

Homenagens, manifestações e performances marcaram o 21 de abril em Ouro Preto, cidade onde é comemorada a Medalha da Inconfidência, evento que condecora personalidades e entidades que contribuíram para o desenvolvimento de Minas Gerais e do Brasil. A 65ª solenidade teve como orador o ex-presidente do Uruguai e atual senador, José Alberto Mujica Cordano, que recebeu o grande colar, maior comenda entregue.

Nesse ano, mais uma vez e a exemplo de outras edições, o evento que acontece na Praça Tiradentes não foi aberto para participação popular. O local foi limitado para os agraciados e convidados, entre eles, membros da Central dos Trabalhadores (CUT), Movimento Sem Terra (MST) e integrantes de demais movimentos sociais, reunindo mais de 3 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar.

O governador do estado de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) recebido por honras militares, deu abertura ao evento baixando decreto, que transferiu simbolicamente a capital de Minas Gerais para Ouro Preto. Em seu discurso, falou sobre a necessidade de ter fé e esperança no futuro e da importância da memória de Tiradentes como símbolo da liberdade. “Precisamos nos voltar para a frente e renovar nosso compromisso com aqueles que se sacrificaram pela nossa liberdade. O novo nome da liberdade é a defesa da democracia, expressa pelo voto livre, secreto e universal”, salientou o governador, que durante todo seu pronunciamento defendeu, claramente, a presidente da República, Dilma Rousseff, sob processo de impeachment. O ex-presidente do Uruguai e atual senador no país, Pepe Mujica, falou sobre a necessidade de que as pessoas continuem lutando e de que a política seja um instrumento para melhorar o país. “Os únicos derrotados são os que deixam de lutar. Democracia nunca será perfeita, porque somos humanos, somos diferentes e temos defeitos. Por isso, necessitamos da política. A razão da política é lutar por um mundo melhor”, destaca o uruguaio que falou também sobre a necessidade de união na América Latina.

O evento, finalizado com o discurso de Mujica, teve momentos de grandes manifestações dos movimentos sociais presentes que pediram o afastamento do deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro, e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Os participantes declararam apoio à Presidente da República, Dilma Rousseff (PT) gritando repetidamente “Não vai ter golpe”.

Além do coro dos manifestantes, cerca de 10 estudantes de artes cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) sujos de lamas fizeram ato simbólico na parte de fora do evento durante a solenidade. A performance teve como objetivo lembrar das vítimas da tragédia de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, ocorrida em novembro do ano passado.