Tradição e fé emolduram a Semana Santa em Mariana

Mariana,
13 de Abril de 2015

A Semana Santa relembra os últimos passos de Jesus, desde a sua chegada em Jerusalém, passando pela Última Ceia, sua prisão, morte e Ressurreição. Milhares de turistas se juntaram aos marianenses para as celebrações piedosas, na primeira cidade de Minas, que é sede também do primeiro bispado, capital religiosa do Estado.

A semana mais importante para os católicos começou no Domingo de Ramos (28). Em Mariana as celebrações de mais uma Semana Santa trouxeram diversas reflexões de esperança e fé. Na quinta-feira (02) o arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, celebrou a missa de Lava-pés, onde Jesus prega a humildade, lavando os pés dos apóstolos. “A humildade e a perseverança de nosso senhor são exemplos que devemos levar sempre conosco”, reforçou o arcebispo.

Nessa celebração há a instituição da eucaristia, onde Jesus participa de sua última ceia. O prefeito Celso Cota e sua esposa, Cristina Cota, estiveram entre os fiéis na Catedral Basílica da Sé. “Inspira-me e comove o gesto do Nosso Senhor, que ensina pelo exemplo e mostra que a humildade é uma das maiores virtudes do homem”, disse o prefeito.

“Procissão do enterro” emociona os fieis

A Sexta-feira Santa foi o dia mais movimentado em Mariana. Presidido pelo arcebispo, o Ofício da Paixão levou religiosos e religiosas para um momento oração e reflexão, na Catedral da Sé. À noite, houve a encenação da prisão e morte de Cristo, sucedida pelo Sermão do Descendimento, feito pelo bispo auxiliar de Aparecida (SP), dom Darci Niciole. “Esta praça, de tanta tradição e de tanto sofrimento, mais uma vez é palco da história. O pelourinho, que viu tantos destinos serem traçados, testemunha, nessa encenação, o sofrimento da paixão e morte de Jesus”, disse Dom Darci, iniciando sua fala e relembrando a história da Praça Minas Gerais.

Milhares de fiéis se acomodaram no adro e nas proximidades das igrejas de Nossa Senhora do Carmo e de São Francisco de Assis. Outros optaram por ocupar as escadarias da Câmara Municipal, onde a vista era privilegiada. Segundo a Polícia Militar cerca de 10 mil fiéis acompanharam o sermão na Praça Minas Gerais.

Na sequência, dom Geraldo conduziu a procissão do enterro, que percorreu o Centro Histórico até a Praça da Sé. “Emocionante a encenação, ainda mais nesse cenário histórico. Mas foi como uma maratona, né?”, brinca dona Maria Geralda Ferreira, 66 anos, que pela primeira vez acompanha a Semana Santa em Mariana. Ela e a filha, Kelly Ferreira, 35, chegaram na Praça Minas Gerais por volta das 18h, e só foram embora depois das 23h. “O esforço vale a pena. Na procissão, eu fui acompanhando ela, andando e rezando bem devagarzinho”, explica Kelly, que veio com a mãe de Belo Horizonte. As duas chegaram na cidade na segunda-feira (30).

Almas em procissão – Ao marcar do relógio os cinco primeiros minutos do Sábado de Aleluia, moradores da cidade se vestiram de branco para sair em procissão. As almas saem às ruas ao som de matracas, gemidos e lamentações para percorrerem o Centro Histórico de Mariana. A procissão é uma tradição popular pagã em Mariana e é única no Estado, sendo organizada pelo Movimento Renovador de Mariana.

Domingo de páscoa – Naquele que é o dia mais importante para os cristãos, Jesus ressuscita dos mortos e sobe aos céus. Em Mariana diversas celebrações marcaram a data. A cidade ficou toda colorida com os tapetes de serragem, confeccionados a partir das cinco da manhã. Nem a chuva fraca que caiu no início da tarde desanimou os fiéis, que seguiram a procissão pelas ruas enfeitadas de Mariana.