Segundo estudantes, a greve que dura mais de 60 dias, prejudica apenas os alunos, e não há engajamentos do setor grevista
Na quarta-feira (21) alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) protestaram contra a greve dos servidores técnico-administrativo da universidade, que já dura mais de 60 dias. A manifestação aconteceu nos campi de Ouro Preto, João Monlevade e Mariana, e segundo a liderança do movimento, se trata de uma manifestação “não contra a pauta da greve, mas contra a forma descompromissada com a qual ela tem sido conduzida, prejudicando exclusivamente aos alunos”.
Em Ouro Preto, onde o movimento teve início, os estudantes fecharam as entradas do campus da instituição, impedindo a entrada de veículos. Muitos motoristas conseguiram entrar após negociações. Os universitários fizeram fogueira e construiram um pequeno muro de tijolinhos em frente à portaria principal.
De acordo com os alunos a greve prejudica o andamento do curso, pois serviços essenciais estão paralisados devido à ausência de funcionários. “Por mais que tenhamos bons professores, a infraestrutura é essencial para o nosso aprendizado. Os laboratórios, a biblioteca e até mesmo os restaurantes universitários (RU’s) são complementos essenciais, pois muitos estudantes não têm como se manterem na cidade sem o funcionamento do restaurante”, destaca Luana Clarice das Neves, aluna do 8° período de Ciências Biológicas. “Esse semestre nem tivemos trabalho de campo ainda, devido à falta de transporte”, completa.
O reitor, Marconi Jamilson Freitas Souza, em nota, informou que a universidade instituiu uma comissão de negociação para dialogar com o comando local, sobre as pautas internas e tomar as providências necessárias para o funcionamento da Ufop. “A administração não tem medido esforços junto à Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para que as negociações entre as partes interessadas em nível nacional, sejam retomadas o quanto antes, para o bem do nosso maior patrimônio, que é a universidade pública, autônoma e democrática”, explica o texto. Marcone Freitas ainda ressaltou as medidas paliativas da universidade para sanar alguns problemas ocorridos com a greve. “Desde o início, sempre estiveram na pauta de negociações o funcionamento dos restaurantes universitários e das bibliotecas, mesmo que parcialmente, de forma a garantir a permanência dos alunos nas cidades em que estudam”, afirma.
Durante a manifestação, que durou até a noite, os estudantes convocaram todos os alunos para uma assembleia que acontecerá no dia 28, às 15h, na Concha Acústica da Ufop. No encontro será discutido a falta dos serviços que estão prejudicando o andamento dos cursos.
Grupo de estudantes contra modos da manifestação
Alguns estudantes e professores, no entanto, se levantaram contra a forma com que foram conduzidas as manifestações. Bloqueando a entrada da Ufop para veículos, os estudantes que tentavam entrar a pé para seguir atividades programadas, foram vaiados. Além disso, turmas de manifestantes, munidas de batuques e apitos, invadiram salas de aulas para impedir a condução de atividades em Mariana e Ouro Preto, mesmo onde havia concordância prévia entre os estudantes da sala e professores. Em ao menos uma turma, no Degeo (Departamento de Geologia) uma avaliação com quórum de mais de 50% da turma teve sua realização interrompida.