Violência contra negros no Brasil é tema de debate

Mariana,
19 de Agosto de 2015

Embora muito tenha se falado sobre a redução da maioridade penal brasileira durante a audiência pública realizada na quarta-feira (12) em Mariana, com a totalidade dos componentes da mesa posicionados contra a medida, as questões ligadas a violência contra negros no Brasil não deixou de ser debatida, ainda que em pouca proporção comparativa.

Os presentes destacaram como a redução prejudicará, principalmente, os jovens negros do país, uma vez que não há medidas de reassocialização ou políticas públicas que possam inserir esses jovens na sociedade, os afastando do crime e dando oportunidades. Segundo o vereador Cristiano, a cada quatro homicídios, três são de jovens negros e pobres, aumentando 38% o número de mortes de negros.

Moradores do município aproveitaram para contribuir com o debate. Entre eles, uma estudante do curso de Serviço Social pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) denunciou que a Polícia Militar de Mariana seria despreparada diante dos jovens negros e de bairros periféricos da cidade, abordando-os de forma humilhante, vexatória e violenta. ”Eu tenho meus irmãos que são negros, eles não podem andar na rua durante a noite porque serão abordados de forma violenta. A maior violência em Mariana é causada pela polícia”, destacou.

Outro estudante comentou também a atuação da polícia ao abordar os jovens, afirmando que diariamente, os militares vão às escolas do município revistar os alunos, em sua maioria negros, e aproveitou para questionar se o problema é com a juventude negra ou com os membros da corporação “que não são bem preparados e têm uma capacidade intelectual muito baixa?”.

Diante disso, o atual comandante da Guarda Municipal, Maurício, aproveitou parabenizar a participação da juventude no evento e destacar que a corporação não comunga com esse tipo de posicionamento e abordagem que desrespeite os cidadãos. “Gostaria de salientar que a Guarda Municipal, uma instituição civil de caráter preventivo, não compactua com condutas ilegais. Para isso, temos nossa corregedoria em que todos podem fazer suas denúncias de qualquer conduta irregular de nossos agentes. Então, dessa forma, acredito que seja a forma mais democrática de reivindicar seus direitos.”, finalizou.

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