A crise hídrica e Itabirito

11 de Fevereiro de 2015
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

*Wagner Melillo

De alguns meses para cá, termos como “crise hídrica”, “desabastecimento” e “racionamento” se tornaram frequentes nos noticiários de todo o Brasil, notadamente na região sudeste, principal aglomeração urbana e industrial do país. Os motivos desta crise são de conhecimento de todos: choveu pouco no período 2013/2014 e neste início de ano a situação é a mesma. As chuvas continuam muito abaixo da média histórica.

Em São Paulo se discute a implantação de um rodízio, em que o abastecimento de água seria feito em apenas dois dias da semana. Em Minas Gerias, até o dia 2 de fevereiro, 130 municípios decretaram situação de emergência por causa da escassez de água. Por esse motivo, 20 municípios cancelaram o carnaval.

O recém-empossado governador Fernando Pimentel tem se mostrado preocupado e chegou a pedir aos mineiros que reduzam o consumo de água em 30% nas cidades atendidas pela Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais estadual (Copasa) que pode decretar um racionamento à qualquer momento.

Mas e Itabirito? Como está a situação? A escassez de chuvas tem impacto significativo no nível de água dos mananciais que abastecem a região. O tempo seco e o calor também acima da média histórica contribuem para uma elevação do consumo. Mesmo assim, por aqui não se fala em rodízio ou racionamento de água. Qual o segredo?

Iniciamos em 2013 um controle de perdas mais efetivo, melhoramos nosso atendimento reduzindo o tempo dos vazamentos, implantamos o Centro de Controle Operacional (CCO) que otimiza as operações do sistema de produção e distribuição de água, intensificamos o combate à fraudes (gatos). Modernos macromedidores estão sendo instalados em pontos estratégicos da cidade, permitindo maior controle dos volumes de água ofertados e mais rapidez no diagnóstico de perdas. Atitudes assim ajudam muito, mas a população de Itabirito cresce bem acima do esperado, há alguns anos, e isso implica em um consumo cada vez maior de água. Destacamos, então, a principal ação, em termos de futuro, que foi o projeto executivo de uma nova estação de tratamento de Água (ETA) que faz captação em um manancial abundante (Rio das Velhas). Esta nova ETA será localizada nas proximidades do bairro Portões e terá condições de atender toda a cidade e áreas com maior crescimento populacional do município.

No entanto, antes que a ETA entre em operação, Itabirito pode sofrer com uma maior redução de seus mananciais, caso as chuvas continuem escassas, e visando preparar a população para fazer uso racional da água, o Saae de Itabirito irá lançar a campanha “PURA” (Programa de Uso Racional da Água) que terá início no dia 22 de março (dia da Água).

A escassez hídrica implica em uma menor geração de energia elétrica e o seu consequente aumento de custos. Estima-se que as contas de luz ficarão de 30 a 40% mais caras no decorrer do ano. E a energia é insumo fundamental na composição de custos dos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos. Os próximos meses serão desafiadores. Mas se a população continuar fazendo a sua parte como tem feito, passaremos por este período sem transtornos e com uma nova consciência sobre como lidar com a água.

*Wagner Melillo, é diretor do SAAE Itabirito

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook