A derrota dos barulhentos

07 de Outubro de 2016
Jornal O Liberal

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Provou-se, mais uma vez, que tentar “ganhar no grito” nem sempre dá certo, podendo o tiro sair pela culatra. O silêncio estratégico, a mansidão, a conversa ao pé do ouvido costumam dar melhores resultados, às vezes surpreendentes. É o que ensina o dia-a-dia, em todas as ocasiões e atividades humanas. Se barulho fosse o caminho para levar alguém a uma definição, o eleitorado de Cachoeira do Campo teria elegido, pelo menos, metade da Câmara Municipal de Ouro Preto, tal o número de candidatos a fazer uso da propaganda por meio de carro de som. Não é o equipamento que se critica, porque ele pode ser usado, sem que reclamação contra ele se volte. É o abuso na altura do volume, a quantidade de veículos ao mesmo tempo, mais a continuidade durante horas seguidas que chamam a atenção. Com exceção de uma só candidatura, que usou o meio de forma racional e educada, os demais primaram pelo ridículo das musiquinhas sem pé nem cabeça e do volume excessivo do som, incluindo-se o abuso do sub-woofer. Tais candidaturas submeteram a população a um verdadeiro circo dos horrores, dele não escapando bebês em fase de adaptação ao som do meio ambiente, idosos em seus momentos de repouso e pessoas recolhidas ao leito por doença. Foi uma perversidade inominável, permitida pelo Tribunal Regional Eleitoral – TRE que, tendo recebido denúncia em sua página (ouvidoria) nada fez para que se respeitasse a população na recente campanha eleitoral. Mas, pelo menos, nesse aspecto, o eleitorado local deu o troco que se esperava: elegeu um candidato do qual não se ouviu sequer um sussurro eletrônico. Parabéns ao único local que se elegeu, em silêncio.

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