A lenda do joão de barro

07 de Outubro de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

Conta a lenda que há muito tempo, em uma tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza, sendo por ela correspondido.

O nome do rapaz era Jaebé, e um dia ele foi pedir a mão da jovem em casamento, ao seu pai.

O pai, chefe da tribo e muito severo, perguntou:

  • Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?

  • As provas do meu amor! - respondeu o jovem Jaebé.

O velho achou o jovem muito atrevido e o provocou:

  • O último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.

  • Pois eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei – respondeu o jovem apaixonado.

Todos na tribo ficaram admirados com a coragem do rapaz. O velho ordenou que se desse início à prova. Então, enrolaram o jovem em um pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado.

A jovem apaixonada chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo. O tempo foi passando e certa manhã, a filha pediu ao pai:

  • Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.

E o velho respondeu:

  • Ele é arrogante, falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.

Esperou até a última hora do novo dia, e só então ordenou:

  • Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilhavam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e tinha cheiro de perfume de amêndoas. Todos se admiraram e ficaram mais admirados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava também num corpo de pássaro!

Naquele exato momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando junto com Jaebé, e ambos desapareceram na floresta, deixando os índios atônitos.

Chegando à floresta, Jaebé procurou uma árvore bem frondosa, e construiu uma casa de barro, como a oca em que moravam os índios. Ali ele e a esposa construiriam seu ninho, criariam seus filhotes e viveriam felizes para sempre.

E assim nasceu a história do joão de barro, pássaro até hoje admirado pelos índios, que nasceu do amor do jovem Jaebé, um amor maior do que a morte.

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