A Saúde Pública na UTI

18 de Maio de 2018
Jornal O Liberal

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Sob a dicotomia serviço público e serviço privado, a saúde, no Brasil, parece um problema sem solução e cada vez mais obscuro à compreensão da população, que busca a cura para seus males, nem sempre a encontra, e em seu lugar ouve muito palavrório, que nada explica ou justifica. Inserida na Constituição como dever do Estado, a saúde deveria estar assegurada a todos, igualmente, mas esse direito não vai além da teoria explicitada pela Lei. A explicação para a crise crônica na Saúde Pública sempre foi a falta de recursos, cuja solução teria sido encontrada, há alguns anos, na criação da CPMF que, na prática, não passou de mais um imposto extra, em nada contribuindo para o setor. A coisa não está pior, porque existe o sistema privado com seus planos que, bem ou mal, contribui para diminuir as filas no SUS. Essa contribuição se reduziu, na atual crise econômica, com a debandada de usuários atingidos por perda de emprego. Perdidas em seu próprio discurso, que chega ao maquiavelismo, autoridades da Saúde Pública tentam eleger agora os planos de saúde causa da crise; que não cobrem todos os procedimentos, o que obriga seus usuários a buscar o SUS. Mas, não é saúde dever do Estado? Se esse dever estivesse em cumprimento a contento nem haveria os planos de saúde no setor privado. O povo diz que “cachorro entra na igreja porque encontra a porta aberta”. O Estado chamou a si o dever com relação à saúde, mas instalou um sistema perneta, que não atende a todos, abrindo portas para o serviço privado. Quanto a este, se não cobre todos os procedimentos é por culpa do próprio Estado, ao qual cabe a regulamentação; mas esta é também perneta. A Saúde Pública está mal, mas o primeiro procedimento deveria ser auto aplicado por seus responsáveis, mediante dose dupla de humildade, reconhecendo os próprios erros e abrindo discussão com toda a sociedade, em busca de sua própria cura, em primeiro lugar.

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