A segunda parte de uma conhecida história

16 de Junho de 2017

Valdete Braga

Uma conhecida história conta que, certa vez, duas moscas caíram em um copo de leite.

A primeira era forte e valente, assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair.

Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater, e afundou.

Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era corajosa, persistente e tenaz e, por isso, continuou a se debater, e a se debater, sem desistir.

Fez isto por tanto tempo que, aos poucos, o leite ao redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga.

A mosca tenaz conseguiu, com muito esforço, subir no nódulo. Estava exausta e precisava descansar, mas com mais esforço ainda, conseguiu dali levantar voo para algum lugar seguro.

Durante anos, ouvimos esta primeira parte da história, como exemplo de coragem e persistência que, sem dúvida, são habilidades que podem levar ao sucesso.

Porém, existe uma segunda parte desta história, que poucos conhecem.

Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, caiu em outro copo, com um líquido. Começou a se debater, achando que, como da outra vez, no devido tempo, se salvaria.

Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou:

• Tem um canudo no outro lado. Nade até lá e suba por ele. Venha, eu vou ficar aqui te dando força. Venha nadando, você consegue.

A mosca tenaz não lhe deu ouvidos. Pensou:

• Quem esta tola pensa que é para me dar conselhos? Eu já passei por esta situação e venci. Vou vencer de novo.

Ela se baseou em sua experiência anterior de sucesso, e não avaliou a possibilidade de outra solução. Mesmo lhe tendo sido mostrado como sair da situação, não quis ver.

Continuou a se debater, certa de que o nódulo de manteiga se formaria, até que, exausta, afundou no copo, cujo líquido, desta vez, era água e não leite.

Moral da história: quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças no ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados, até que afundamos na nossa própria falta de visão?