A verdadeira lógica perversa

10 de Maio de 2012
Jornal O Liberal

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Paulo Felipe Noronha

Recentemente, uma notícia que a princípio parece positiva, surpreendeu a população, acostumada com o cenário inverso. Redução dos juros bancários, ao menos nos bancos estatais, Caixa Econômica e Banco do Brasil. Bancos privados já se movimentam para acompanhar essa tendência, sendo que extra-oficialmente o Santander já analisa juros de aproximadamente 4,5% para seu cheque especial. Ainda é alto!

Nessa história, os bancos terão sua margem de lucro reduzida, forçosamente, mas no fim, provavelmente encontrarão meios de repassar ao cliente o baque dessa redução forçada dos juros.

Mas na realidade, essa redução na taxa de juros não significa muito, que me perdoem os otimistas. A Colômbia e Indonésia possuem taxas baixas e estão onde estão. A verdade é que o governo está artificialmente reduzindo seu endividamento, afinal, com juros menores precisa pagar menos ao credor, enquanto os impostos continuam sendo cobrados a todo vapor. E desse eles não abrem mão. Aliás, querem arrumar novos meios de taxar a população, criando novas modalidades de imposto de renda.

O problema é que o governo brasileiro segue um estilo no qual a idéia é acumular o máximo possível e supostamente redistribuir, mas a logística de redistribuição é quase sempre estúpida, quando não, desonesta. Milhares de cargos de confiança, atraindo todo tipo de escroque, permitindo a criação de redes de desvio de dinheiro, favorecendo a concentração de renda e inibindo a produção. A verdadeira lógica perversa reside no fato de que o governo quer impedir o ganho com rendas, a fim de estimular a economia, mas ao mesmo tempo, sobretaxa os agentes de produção de tal modo, que a economia emperra na roubalheira e na concentração de renda, que atrasa ou até impede a entrada das populações mais pobres num cenário de bem-estar social.

Como se não bastasse a roubalheira com Carlinhos Cachoeiras, temos ainda exemplos de ingerência extrema dos recursos: no Maranhão, onde comunidades inteiras enchem lotéricas no dia de receber o Bolsa Família, existe também uma outra bolsa, de aproximadamente R$ 2 mil, pagas uma única vez, cada vez que uma mulher tem um filho. O que era para ser um alívio num momento de potencial dificuldades, se tornou um flagelo, já que meninas de 10, 11 anos de idade, agora engravidam deliberadamente, apenas para receber o recurso, que deveria ser chamado de “bolsa pedofilia”. Continua uma tragédia esse Brasil...

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