BR-356 passa apenas por nova maquiagem

02 de Maio de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

A BR-356, Rodovia dos Inconfidentes, passa por mais uma maquiagem. Adia-se, mais uma vez, uma intervenção mais definitiva, adequada à realidade deste trecho rodoviário que é hoje um dos mais importantes de Minas Gerais, não só por sua característica de estrada turística e cultural, mas pelo acúmulo de trânsito em razão das cidades que atende e a extraordinária expansão das atividades empresariais na região, especialmente a mineração de grande porte, em acelerado crescimento.

Traçado antigo, em região de geologia instável, a estrada mostra, a cada ano mais chuvoso, a clara necessidade de retificação de maior alcance ou, o que seria o mais correto, um projeto de duplicação. Há opinião especializada de que não seria muito cara esta duplicação, possível em vários trechos sem grande movimentação de terras, exceção de alguns cortes na Serra do Itabirito. Persistem, no entanto, as intervenções meramente paliativas, algumas caras em função dos escorregamentos e perdas de pista em elevado número. Recobre-se o asfalto de alguns trechos, mas o piso mal preparado e o uso inadequado, por caminhões duplicados, no tamanho e no peso, provocam danos em pouco tempo.

É excepcional o crescimento do tráfego nos últimos dois anos. É possível que tenha triplicado com a expansão da frota de veículos, quadro agravado pelo crescente uso desta estrada por caminhões pesados e ônibus. A estrada ainda é usada para o transporte de minério, por caminhões com mais de 40 toneladas, inadequados para a velha rodovia, que se apresenta hoje em estado bastante deteriorado, com ondulações e trincos, apensar das camadas superficiais de asfaltado colocadas nos últimos anos, em alguns trechos. Caberia aos poderes públicos cobrar das mineradoras uma participação nos custos de recuperação da estrada.

Hoje, tornou-se uma aventura, com elevados riscos, percorrer a BR-356, sobretudo em horas de maior demanda de tráfego. Há dias em que o fluxo torna-se um só cortejo. Aumentam as estatísticas de acidentes. Não há terceira pista para aliviar o trânsito. Não há rotatórias em entradas para sítios urbanos. A sinalização é precária. No posto da Polícia Rodoviária Estadual já não funciona há vários anos a balança que deveria pesar os caminhões e adequá-los à suportabilidade da estrada. E parece que grande parte do tráfego, sobretudo de caminhões, que demanda o Espírito Santo, via Ponte Nova, continua passando pela BR-356, mesmo após o restabelecimento da ponte sobre a BR-381, em Santa Luzia.

Presidentes da República e governadores do Estado, que têm vindo a Ouro Preto, o fazem por helicóptero. Deveriam vir de automóvel e conhecer a estrada e os escorregamentos que sofreu. Mas o que assusta ainda mais é que não se vê protestos, nem de prefeitos ou Câmaras de Vereadores, empresários e entidades comunitárias, da região, do governo do Estado, das organizações do turismo e da cultura. Um silêncio alienante enquanto a estrada piora extraordinariamente a cada dia e já constitui poderoso vetor de desestímulo a um sadio desenvolvimento, além da mineração.

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