Ainda acredito

27 de Abril de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

É inegável que vivemos momentos difíceis. “Não tá fácil prá ninguém” virou lugar comum, ouvimos esta frase em todos os ambientes e contextos. Mas eu ainda acredito no ser humano. Ainda acredito que o número de pessoas bem intencionadas supera os picaretas, que as coisas boas superam as más e que, no cômputo geral, cada um de nós deve e pode fazer a diferença, neste mundo cheio de pessimismo.

Acredito que o otimismo é um estado de espírito que todos podemos ter, independente do momento que estejamos vivendo. Não dá para ser otimista 24 horas por dia, sete dias por semana. Aí vira hipocrisia. É óbvio que todos nós temos nossos “maus dias”, faz parte da vida. Mas até o mal acontece para melhorar depois. O que importa é vivermos cada momento com honestidade, acreditando na vida e na nossa passagem por ela. Quando estamos tristes, vamos dar vazão à tristeza, se tivermos vontade de chorar, vamos chorar, mas sempre com a consciência de que são momentos que passarão. Até no sofrimento, podemos ser otimistas.

Como a vida seria sem sentido, se não fosse a sua dualidade! Se não fossem os momentos tristes, talvez não valorizássemos tanto os alegres, e como é bom que estes venham com tanta abundância! Ninguém é cem por cento triste nem cem por cento alegre, mas Vinícius de Morais já nos ensinou que “é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe”. Quão certo estava o poetinha!

Nunca entendi e já desisti de tentar entender certas preocupações com a alegria alheia. Se o seu ex está feliz com a atual, se aquela colega de trabalho chata vive rindo, ou se o vizinho com quem você brigou está sempre dançando com o som ligado, e daí? Em que isso está prejudicando você? Deixe-os serem felizes e siga com sua vida, se possível, feliz, também. Devemos pautar nossa vida em nossos atos e não nos atos dos outros.

Aprendi já faz um tempo que se tiver alguém nos incomodando muito, é porque nós estamos dando muita atenção à pessoa. Cabe a nós cultivarmos ou não este incômodo. Se a preocupação vem do bem estar dele, o caso se torna mais sério ainda, quer dizer que o problema está conosco. “Ah, mas ele foi tão carrasco comigo e agora trata a outra como uma rainha”. Ou: “Como ela pode ficar dançando dentro de casa, depois de ter feito tanta fofoca com meu nome?” Ora, é a vida deles, e quem está se preocupando é que está perdendo um tempo precioso, deixando de viver a própria vida para tomar conta da de quem, possivelmente, nem se lembra mais dele. O que importa é que, seja nos momentos tristes ou alegres, nossa vida seja nossa, não do outro. Nossas preocupações sejam conosco, não com o outro. E, principalmente, que na tristeza ou alegria, o otimismo esteja presente. É possível e gratificante. Eu acredito nisto.

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