Aniversário e dia das mães

11 de Maio de 2018
Valdete Braga

Valdete Braga

Passar o dia das mães sem a presença física dela é muito difícil. Fazê-lo em total solidão, sem um ombro para poder encostar, é pior ainda. Somando a isto o fato de que o domingo das mães coincide com o seu aniversário neste Plano, torna o dia insustentável.

Nunca reclamei de viver só, exatamente porque estar sozinho não significa viver na solidão. Sempre tem alguém com a gente, e os invisíveis muitas vezes fazem mais por nós do que alguns visíveis com quem convivemos todos os dias. Gosto do meu estilo meio torto de vida. Durante todo o ano, o único dia em que isto incomoda é o segundo domingo de maio.

A minha mãe nasceu em um dia 13 de maio, o que faz com que em alguns anos a data coincida com o dia das mães. Este é um destes anos. Quando ela estava entre nós, brincávamos que era bom para gastar menos, porque economizávamos um presente. Foi assim até ela não precisar mais de presentes... Todo mundo diz (e eu faço parte deste “todo mundo”) que não devemos sofrer nem ficar chorando pelos nossos entes queridos que partem. Que eles recebem nossas energias e querem nos ver bem. Acredito nisto. Acredito e procuro vivenciar. Eu sei que a minha mãe não há de me querer triste, nem no dia das mães, nem dia nenhum. Por outro lado, sou humana, e só quem passa esta data sem a sua do lado pode entender esta dor.

Por isto escrevo esta crônica. Nesta homenagem à minha mãe gostaria de passar uma mensagem a todos que já não têm a sua neste Plano. Não cobrem muito de si. Existem pessoas mais evoluídas espiritualmente, que conseguem vivenciar estes momentos sem dor. Todos chegaremos lá um dia, mas se ainda não for o seu, permita-se o sofrimento. O meu, eu sei que ainda não é. Somos humanos e onde elas estiverem vão entender e nos permitir, só neste dia. No meu caso, sofro duplamente, pois são duas datas em um dia só.

Fala-se muito também, e eu também concordo, que datas não são tão importantes, pois todos os dias são dia das mães. Grande verdade. Mas o segundo domingo de maio foi escolhido para simbolizar a sua importância. Amor não tem data. Saudade também não. Mas acho válida a simbologia. Quem tem a benção de poder comemorar este dia com a sua, abrace e beije muito a sua mãe, e quem, como eu, já não pode externar-se fisicamente, procure cultivar uma saudade boa, de lembranças de tempos bons. Tenho certeza de que houve momentos de estresse, um ou outro desentendimento de vez em quando. Sempre tem. É normal e faz parte da vida. Mas tenho igualmente certeza de que os bons momentos foram infinitamente mais.

Todos os dias das mães sem ela são difíceis, mas junto com o aniversário aumenta demais a solidão. Desculpe aí de cima, mãe, mas não tem como não sofrer. Hoje não.

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