Ano novo, violência velha

06 de Janeiro de 2017
Jornal O Liberal

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Nem bem havia se trancado a porta atrás de 2016, de triste memória, como se toda a miséria humana com ele se fosse depois dos rituais de despedida, 2017 respondeu às boas vindas com fartura de sangue em presídio amazonense. Vive-se num torvelinho em que a violência humana chega à bestialidade, ultrapassando todos os limites! E é mais um tema a que se agarram discussões infindáveis e infrutíferas, tais como tantas outras, sem que a sociedade brasileira consiga sair do atoleiro em que se meteu, ou foi metida. De pronto, apontam como causas a “hospedagem” de facções bandidas rivais, no mesmo local; a superlotação carcerária; a má estrutura das prisões brasileiras; e blá-blá-blá! Deveriam primeiro dar respostas às perguntas: por que existe o crime organizado? - por que ele é dividido em diversas facções? - por que as gangues atuam dentro dos presídios? - por que são mal estruturadas as prisões? - por que a criminalidade e violência se expandem em número e grau de ofensa à sociedade? Definido o porquê de cada questão e, havendo vontade política, talvez se chegue a uma conclusão quanto ao que fazer e não fazer, para que a sociedade viva, pelo menos, em base mínima, o conceito de civilidade. Desde há muito, vive-se ou se deixa viver, sem limites no comportamento social, prevalecendo o individualismo, segundo o qual cada um faz o que quer ou bem entende. Desde o ambiente doméstico, onde o pequeno títere se levanta contra a autoridade paterno/materna, sob o guarda-chuva dos defensores da educação (?) sem peias; passando pela escola, onde o professor cai em desgraça sob a mira do delinquente/aluno; chega o indivíduo à fase adulta, na pretensão de ter o mundo ao seu dispor. Se pai e mãe não lhe puderam impor limites e nem tampouco o professor, quem lhe oporá obstáculos, daí em diante? Some-se à sua predisposição, falta de moral e de escrúpulos, a benevolência das leis, mais a impunidade galopante. Num mundo tendente a, irresponsavelmente, santificar a pobreza e criminalizar ou demonizar a riqueza, o indivíduo, formado a partir da ação sem limites, não vê o crime como ofensa senão às pessoas que o combatem; por isso, não respeita nada e nem ninguém. O indivíduo educado, orientado e bem formado elege o mundo civilizado sob o império da lei; ao contrário, o indivíduo formado ao sabor de sua própria vontade, cria o seu próprio mundo, em conflito com o primeiro.

A essa altura, não bastarão novas e modernas penitenciárias, nem mais polícia ou mais repressão ao crime. Há que cortar o mal pela raiz!

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