Justiça se empanturra

16 de Dezembro de 2016

Jornal O Liberal

Abre-se o jornal e os olhos dão em cima de notícia, que parece nada a ver com o Brasil, este país grande, bobo e irresponsável que, nos últimos anos tem recheado páginas, impressas e virtuais, preenchido tempo da mídia televisiva e radiofônica com matérias alusivas à corrupção e seu tardio combate, mais que com qualquer outro assunto, incluindo-se o futebol. Órgãos da Justiça e da segurança se desdobram nas investigações, análises e julgamentos do quanto se rouba e se gasta mal, enquanto no Congresso Nacional, a contragosto, parlamentares discutem e votam projetos de arrocho, para evitar que mais se gaste, até com o estritamente necessário. Pois bem, enquanto tudo isso acontece e se espalham protestos, mal dirigidos e violentos, pois atingem os que são vítimas, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais abre licitação para serviço de lanche aos magistrados, embora cada um já receba uma ajuda de custo mensal, para alimentação, no valor de R$884,00. Para vinte dias de trabalho são R$44,20/dia, valor dificilmente consumido pela maioria da população, na alimentação diária. O custo estimado é de mais de setecentos mil reais, para fornecimento de frutas, biscoitos, bolos, carnes, queijos, embutidos, sucos, refrigerantes e outros produtos, no local de trabalho, a título de economizar no deslocamento do pessoal, para se alimentar em outro local. Informa-se que o valor teria sido bem mais alto, se não tivessem sido cortados da lista o salmão, o filé e carne seca. Que os meritíssimos merecem estar alimentados, enquanto trabalham, não se discute, porque ninguém é de ferro; mas que não se empanturrem, não expanda o universo dos obesos; não contribuam para o aumento das doenças cardíacas, pois a Justiça precisa deles. Receber para alimentação e, ao mesmo tempo, ser alimentado pelo mesmo cofre é uma afronta à grande maioria que, mal e mal, tem um pão como lanche. Em tempo de vacas magras para os mortais, os quase divinos deveriam ser racionais.