Blockchain, tecnologia revolucionária I

23 de Fevereiro de 2018
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

O assunto do momento é o bitcoin. Ainda que não se saiba bem o que seja, o que se dá com frequência, a qualquer momento e lugar, quando e onde duas ou mais pessoas se encontram: arrisca-se a indagar ou comentar sobre o que, talvez, seja o mais palpitante produto de novas tecnologias. Criado, há cerca de dez anos, o bitcoin é uma moeda digital, circulação exclusiva na internet, sem existência física e descentralizada, ou seja, sem qualquer ligação ou controle de governos, bancos, instituições financeiras. Este é o grande trunfo proporcionado pelo bitcoin aos seus portadores e usuários e, ao mesmo tempo, dor de cabeça infligida aos governantes; é o fato de a moeda não ter um controle central, não estar ligada a nenhum banco e, principalmente, a nenhum governo. Transações com bitcoin se fazem pessoa a pessoa, não importando em que lugar do mundo cada uma esteja, mediante custo menor e sem interferência de terceiros. O bitcoin não sofre inflação, estando seu número limitado a vinte e um milhões de unidades e previsto quando será emitido o último. Ao contrário das moedas comuns, normalmente divididas em cem (centavos), o bitcoin se divide em cem milhões de satoshis (nome do criador da moeda), representados por oito casas decimais após a vírgula.

Devido a essas peculiaridades, o bitcoin ganhou projeção e valor, tornando-se meio de pagamento para uns e reserva de valor para outros, facilitando, em muito, transações excessivamente burocráticas, demoradas e onerosas, pelos meios ordinários conhecidos. Seu sucesso ainda fomentou o surgimento de outras criptomoedas, que atualmente se elevam a mais de mil.

Mas, a dualidade de tudo neste mundo ensina que o que é bom para um pode não ser para outro, surgindo daí choques de interesses, conflitos e problemas diversos. É então que surge, por força da mídia, a ideia de que o bitcoin e demais moedas do mesmo gênero estão associadas ao crime, à lavagem de dinheiro, ao tráfico de drogas, etc. Isso faz parte dos interesses dos competidores do mundo financeiro e dos próprios governos. É fato notório que, embora tudo esteja regulamentado sob regras e leis, reina obscuridade no sistema financeiro e nas políticas monetárias, o que possibilita crescimento da inflação, fraudes e até confisco do dinheiro, conforme já ocorreu no Brasil. Aliás, o Brasil é o mais gritante exemplo de campo econômico-financeiro minado por toda sorte de corrupção, fraudes e o diabo a quatro. Está bastante claro que algo pronto para derrubar toda a engrenagem em funcionamento não pode interessar aos que detêm seu controle; por isso, o medo incutido pela mídia na população, notadamente em pessoas mais simples, de menor grau de instrução. A elas é apresentado o argumento de que o bitcoin e demais criptomoedas estariam ligadas ao crime, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas; argumento fruto da hipocrisia e da falta de argumentação melhor no combate à ameaça vista pelo sistema estabelecido.

Na verdade, o bitcoin, ou qualquer criptomoeda, não está livre de ser usado pelo e para o ilícito, mas isso não faz das criptomoedas parceiras do crime ou seu meio exclusivo. Sabe-se que a rede bancária é usada para as mesmas situações, mas também ela não pode ser acusada de cumplicidade ou leniência em relação a eventual e disfarçado uso de seus serviços para o crime. Ao contrário do que se tenta fazer crer, o bitcoin é a reação, há muito necessária, mas somente agora possibilitada, graças à matemática pura, computação avançada e a criptografia, aplicadas dentro da rede mundial de computadores, a internet. Dentro de uma rede distribuída ou decentralizada, emitem-se as criptomoedas e se validam transações pessoa a pessoa, sem qualquer intermediário. Em resumo, e paradoxalmente, o bitcoin possibilita transações com extremo grau de confiança entre pessoas, que não se conhecem e não confiam entre si. Entretanto, não teriam surgido as criptomoedas, o bitcoin à frente, se não fosse a blockchain, tecnologia que lhes é subjacente.

A blockchain é um grande registro público onde, à prova de fraudes, se registram, validam-se emissões e transações da moeda. É a grande descoberta que, no século vinte e um, querendo a humanidade, tudo a depender de um controle rígido, em defesa de direitos, estará coberto pela CONFIANÇA do público. Sim, porque a nova tecnologia não se presta a tão somente moedas digitais, estando aberta a possibilidade de sua aplicação em todas as atividades humanas, que requeiram a CONFIANÇA do público. As eleições, num país, seriam praticamente cem por cento confiáveis, livres de fraude e, portanto, mais democráticas, se realizadas dentro do ambiente da blockchain; os cartórios de registro de imóveis ofereceriam mais segurança jurídica às propriedades, se funcionassem dentro do ambiente blockchain; e ainda o próprio dinheiro ficaria livre da inflação e das malandragens que o sistema bancário suscita.

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