Bode expiatório pela falta da capela velório

17 de Dezembro de 2011
Jornal O Liberal

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Duas carências se destacam entre as várias, para as quais a comunidade reclama atendimento, que já demora e incomoda. Ultrapassado o estágio da promessa das promessas no qual permaneceu por vários anos, a estação rodoviária - inadequadamente chamada terminal - teve sua construção iniciada em 2008. Desde então, a obra caminha a passos de tartaruga cansada, levantando suspeitas de que a qualquer momento pode parar e não mais prosseguir. Brasília se ergueu e foi inaugurada em menos de quatro anos e a simples estação rodoviária local está prestes a completar o mesmo tempo; sem que possa cumprir sua função de tirar do sol ou da chuva o usuário do transporte coletivo, dando-lhe ainda assento e outras pequenas comodidades, em seu trânsito pelo município e deslocamento para outros pontos do país. Se a estação rodoviária é de interesse da maioria, mas sua concretização depende da prefeitura, a capela velório é de interesse de todos, pois da grande viagem ninguém escapa. E é aí que o bicho pega, porque sua localização, a ser definida pela comunidade, está impedida pelo preconceito coletivo. Ninguém a quer por perto. E para resolver o insolúvel, enquanto consenso e bom senso não há, elegem como bode expiatório entidade que, diretamente, nada tem a ver com o assunto. O Clube da Melhor Idade “Estrela do Oriente”, excepcionalmente e por razões muito especiais, abriu suas instalações para dois ou três velórios, mas isso não o transforma em local para se prantear finado, não importando quem tenha sido em vida. Sem discriminação com relação a qualquer pessoa, que venha a falecer e necessite de local onde ser pranteada, aquelas instalações foram idealizadas com o propósito de prolongar a vida, por meio do calor humano, da troca de experiências, especialmente no quesito saúde, da disseminação do conhecimento e da prática do puro lazer. As pessoas integrantes da associação e freqüentadoras daquele espaço estão além da linha dos cinqüenta anos de vida, e mais próximas, pela lógica natural, do desenlace final. Têm o direito de ali celebrar a vida, enquanto esta se mantém. Transformá-lo em capela velório seria o cúmulo do paradoxo, em detrimento dos mais velhos, enquanto, por obra do preconceito muitas mentes se mantêm fechadas.

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