Como as lideranças políticas estão cavando a cova do Brasil

01 de Setembro de 2012
Jornal O Liberal

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Paulo Felipe Noronha

Abundam notícias referentes à questão econômica brasileira, e pra quem ta sempre “antenado no JN”, o discurso prevalente é “crise internacional”. Essa justificativa patética não advém da agenda de direita, não é a agenda neoliberal, não é o PSDB do mal, é do PT. Mas algo me diz que fosse qual fosse o partido, daria na mesma. É uma falta de visão endêmica.

Em uma dentre as várias decisões do governo federal atual, o foco na indústria de crédito fácil, manteve a economia em crescimento, usando iscas que chamam o cidadão a se endividar. Os bancos contam com seu endividamento, e a falta de capacidade de “fazer conta” da população, que rapidamente, se vê refém de sua honestidade, pois os bons são maioria. Esperto acaba sendo o caloteiro, que não paga o banco, vai parar no SPC/Serasa por 5 anos, e infla a taxa de inadimplência do país. Mas depois que o governo abriu as portas do empréstimo consignado para servidores e dos aposentados, quem é que é verdadeiro criminoso dessa história mesmo?

Esse foco no incentivo maluco ao consumo é uma bomba relógio, onde o imposto pago continua sendo mal gerido, desviado ou alimentando uma cultura de funcionalismo público sem compromisso com o trabalho, mas amantes do emprego. No fim, as barreiras estruturais e culturais do país vão coibir essa farra, o custo será altíssimo, a competitividade será inviável, e o país estará falido.

Mas qual a solução? Voltemos aos números. A incapacidade do brasileiro médio de calcular suas necessidades mediante seu rendimento, de gerir suas finanças. Matemática se aprende na escola. E a escola brasileira é justamente o setor onde mais se barganha investimentos nesse país.

Quando se diz que a solução do Brasil é educação, isso soa como um clichê. Mas não é. Não é piada. Não é relativo. Não é discutível. Não existe prioridade maior, nem saúde, nem segurança. É simples: o maior salário do Brasil deve ser o do professor. O professor primário deve ganhar mais que um juiz. Mais que um deputado. Mais que um executivo. Mais que um engenheiro. A carreira de professor deve ser a única carreira completamente fora de qualquer lei de mercado. Mais que qualquer carreira, a carreira de professor é a única que realmente define o futuro do país. Nenhuma outra define. Mas a tucanada mineira discorda...

Mas prossigo: do professor deve ser exigido tudo. A formação mais completa, a capacidade mais elevada. E seu salário deve estar à par com essa exigência. Ser professor não tem nada a ver com sacerdócio. Deve, de fato, ser a carreira mais disputada, com os métodos de seleção mais rigorosos. Esse é o único projeto de escola que interessa. Aquele que pode, qualitativamente, incluir todos, no mais alto nível de conhecimento, não o que nivela por baixo, mas que dá oportunidade de ver de perto o que de mais incrível o ser humano é capaz. Que permitirá a cada criança levar, para sua casa, algo novo, ao invés da estagnação provocada pelo salário de fome, que indiferencia em miséria os professores e muitos alunos dessa nação, que é o Brasil.

Nesse ponto, PSDB e PT, e todos os outros, parecem andar de mãos dadas: o projeto deles é a destruição de qualquer perspectiva para o país, pois esse é o único resultado possível quando o professor é colocado, sempre, em segundo plano.

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