Como era verde o meu vale

28 de Julho de 2017
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

R. Koeppel (*)

Tem coisas que realmente surpreendem a gente. O que registro a seguir aconteceu entre os dias 21-abril e 1-maio quando eu fazia, com Bob e Pitanga - meus dois cães - uma curta caminhada pelo sul de MG.

Foram momentos inesquecíveis ao longo de 300 km a pé, seguindo a Trilha dos Anjos. Foi espetacular e poderia resumir tudo numa única pergunta - Por que eu não fiz isto antes?

A neblina estava espessa e seria um dia longo, pois eu tinha que caminhar 40 km. No meio de uma subida longa (Mistério... Por que descida sempre é na direção contrária?) de repente, as nuvens abriram uma brecha e eu vi um magnífico vale, por onde eu vinha caminhando por horas.

Imediatamente veio a minha mente o nome de um livro que eu nunca li. Mas sabia que era famoso. Eu só não sabia por que. Eu logo imaginei escrever este artigo, comparando aquele magnífico vale com o entorno de Ouro Preto, Itabirito e Mariana. O livro se chama “Como era verde o meu vale”. À noite, terminada a penitência (ou melhor, a diversão) do dia, fui consultar a Wikipédia. Bem resumidamente: o livro foi escrito em 1940 e transformado em filme dirigido por John Ford em 1941 e ganhou todos os prêmios de Hollywood em 1942. Uma coisa muito rara. E aí vem o que me surpreendeu - Relata a história de uma região rica em mineração aonde as minas vão se esgotando e a qualidade da vida das famílias vai sendo destruída progressivamente.

Humm..., Será que era a história futura da nossa região? Teríamos nos transformado num sucesso mundial, antecipadamente?

Temos esta riqueza mineral toda à nossa volta, mas um dia tudo vai acabar. Ficaremos com os buracos e as cavas finais. E nossos vales não serão mais verdes! Se, contudo, organizarmos melhor nosso turismo histórico, cultural, artístico, gastronômico e natural, inclusive com o envolvimento de nossos vizinhos - Itabirito, Mariana, Catas Altas da Noruega e Barão de Cocais (Colégio Caraça) nossos vales permanecerão verdes para sempre e nossas famílias serão cada vez mais felizes. Finalmente, querendo ou não, estamos no meio do Quadrilátero Ferrífero, uma província geológica única no mundo. Não só temos minério de ferro como temos outras centenas de minerais ricos. Você sabe: Até ouro já tivemos e nossa cidade se chamava Vila Rica. Será que um dia vai se chamar Vila Pobre? Só depende de gente...

Claro, turismo organizado dá mais trabalho e precisamos estar todos juntos. No ambiente de turismo há uma forte interdependência entre todos os atores do processo. Dá mais trabalho, mas também dá mais alegria. Pois você já sabe que nada cai do céu a não ser tempestades que arrebentam nossas barragens. E estamos transformando nossos vales e montanhas na desgraça que a foto dois mostra. O Pico do Itabirito está lá, protegido (melhor, tombado) pelo IPHAN. Quando o Pico vai tombar? Na foto um você verá como era o Pico do Itabirito em maio de 1952. Claro que os buracos foram transformados em riquezas para alguém. Isto é importante e nunca podemos esquecer. Mas saber onde são os limites onde devemos proteger nossa natureza está ficando cada vez mais importante. Eu gosto de vales que são verdes. E você?

(*) Rodolfo Koeppel vive em Glaura. Conhece a região toda há mais de 60 anos. Conhecia o Pico do Itabirito quando a região toda ainda era verde e mais pobre. Ele já foi mais feliz. Mas sabe que possível voltar a ser... Basta caminhar em direção ao nosso objetivo. Podemos caminhar juntos? Contate Rodolfo.koeppel@gmail.com

Como era verde o meu valeComo era verde o meu vale
Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook