QUEM LÊ “A Paixão de Cristo, Segundo Um Cirurgião”, escrito pelo notável médico Pierre Barbet, fica impressionado pela descrição pormenorizada dos fatos que precederam à morte de Jesus. Através da Anatomia, estuda-se o Sudário, em que o corpo do Senhor foi envolvido, uma peça de linho de 1,10m de largura por 4,36m de comprimento, que registra o resultado dos sofrimentos físicos mais brutais, pelos quais passou o nosso Salvador, na noite de 5ª e 6ª feira santa, até sua morte na Cruz, entre dois personagens tidos como perigosos criminosos da época.
Nesta peça de altíssimo valor religioso estão as impressões sanguíneas que registram: as chagas da flagelação, da coroação de espinhos, todas as sevícias do doloroso processo, transporte da cruz, a crucifixão, até o ferimento produzido pela lança sobre o divino corpo já cadáver, explica o minucioso e competente cirurgião Pierre Barbet.
Tudo isto numa covarde e desmedida brutalidade, atiçada pela soberba e selvageria militar romana.
O JULGAMENTO tumultuado, extrajudicial e atentatório dos preceitos hebraicos, nos faz crer sobre a absoluta injustiça das decisões político-religiosas da época.
Li uma Crônica de Ruy Barbosa sobre a injusta sentença sobre Jesus Cristo, publicada por Roberto Parentoni e advogados, há cinco anos, que é uma verdadeira, dura e sábia análise jurídica, à revelia de todos os preceitos e normas da sociedade judaica daquele tempo. “Sem autoridade judicial, Anás O interroga, transgredindo as regras, tanto na competência como na maneira de inquerir. Anás, desorientado remete o preso a Caifás. Este era o sumo sacerdote do ano. Mas, ainda assim, não tinha a jurisdição que era privativa do Conselho Supremo. Nas mãos de Pilatos deveria estar o veredicto, mas covardemente, decide: Tomai-o, julgai-o segundo a vossa lei. Lava as mãos” e se autoabsolve: Sou inocente do sangue deste justo! Envia o Mártir a Herodes que também não tinha competência para julgar”. O pretexto desta consulta era apenas para reatar a amizade entre ambos. Assim, se reconciliaram os tiranos sobre os despojos da justiça.
O fato é que “O bom ladrão no Calvário salvou-se, mas no campo da Justiça, não há salvação para o juiz covarde”. Vale a pena, em conclusão, ler o texto oficial e completo, nascido da mente do extraordinário jurista brasileiro, onde sobejam as razões que invalidam o pseudojulgamento de Jesus, numa demonstração insana pela vontade de eliminar um homem contra quem não havia acusação formal, sem defesa, nem razão justificada ou justificável, para tão brutal condenação e execução sumárias.
EM SUMA, mais uma semana de triste memória pelos sofrimentos de Cristo, e, de glória porque por meio Dele foi redimida a humanidade decaída pelo pecado original. O débito contraído pelos nossos primeiros pais, só poderia ser pago por alguém da mesma natureza do ser ofendido. Daí, o valor infinito dos méritos de Jesus, que nos reatou à amizade e ao Amor de Deus.