Desistindo de um sonho

08 de Junho de 2015

Valdete Braga

A intensidade da tristeza pela desistência de um sonho só é proporcional à alegria pela sua realização. Acredito que muitas realidades começam com um sonho, e que o ser humano que perde a capacidade de sonhar perde a sua essência. Porém, às vezes, sonhar não basta. Os sonhos nos motivam, mas são as atitudes que nos levam a realizá-los, e, quando as atitudes se tornam impossíveis, o sonho desmorona. Dói, dói demais, e a sensação de impotência nos deixa frustrados. Por mais fortes que sejamos, não há como não desmoronar diante de um sonho desfeito.

Aí nos lembramos de outros realizados, das bênçãos que Deus já derramou (e continua derramando) em nossas vidas e, mesmo no chão, temos a convicção de que nos levantaremos.

Sou muito abençoada por ter conseguido tanto da vida. Existe um ditado que diz que há pessoas tão pobres que só têm dinheiro. Em minha vida pessoal, eu o inverto: sou tão rica, que só ele me falta. Todos os meus sonhos que não envolviam o vil metal, consegui realizar, e isto é uma benção. Ser feliz não custa caro, e, se eu morrer amanhã, irei com muita tranqüilidade, porque o Universo me presenteou muito nesta vida. Digo mais: como o Universo só nos retorna o que jogamos para ele, isto quer dizer que, sem falsa modéstia, eu soube viver, também.

Estou frustrada, desanimada, triste. Mas não infeliz. O tempo de Deus não é igual ao nosso, e se não for, é porque não era para ser. Precisamos aprender que nem tudo pode ser como queremos.

Meu momento agora é de luto, pela perda do sonho. Mas ele vai passar, nenhum sentimento é eterno, nem os bons, nem os ruins. Vou viver a minha perda, chorar por ela, sofrer por ela, mas sem me esquecer das inúmeras realizações e de tantas vezes em que me encontrei em situação inversa, vibrando por conquistas. A vida é assim, e se não fosse, não seria vida. Apesar da dor do presente, tenho muito mais a agradecer do que a pedir. Pelo passado e, tenho certeza, pelo futuro, também.