Dia dos namorados

16 de Junho de 2015
Valdete Braga

Valdete Braga

Hoje é dia dos namorados. A data continua, mas sua essência perde-se com o passar dos tempos. Atualmente, o verbo “namorar” perdeu muito do seu sentido. As pessoas ficam. Pegam. Transam. Namoro anda difícil. Em tempos de tecnologia em alta, sites de relacionamentos “bombam” pela internet, e as pessoas “se curtem” muito mais virtualmente, do que na vida real. Em alguns casos, até dá certo. Existem relacionamentos que começam via teclado e depois as pessoas se conhecem, ficam juntas, ou não, mas tornam-se algo palpável. Em outros casos, morre ali mesmo, antes de começar. Outros ficam mesmo na “zuação”, onde quem se “relaciona” nem sabe se quem está do outro lado é mesmo quem diz ser.

O mundo mudou muito em pouco tempo. Sou da época do “footing” na Rua São José, onde nos finais de semana os rapazes ficavam parados e as meninas andando ao longo da rua, em grupos, super produzidas e elegantes. Quantos namoros começaram ali! Quantos casais, hoje com filhos adultos, se conheceram ou começaram assim seu relacionamento! Era a época da “paquera”. Se eu falar isso hoje para a minha sobrinha, ela vai, no mínimo, dar risada. Da mesma forma que eu dava risada quando minha mãe falava em “flerte” e contava que começou a “flertar” com o meu pai nas festas de “São Bom Jesus”, entre barraquinhas de quitutes e jogos de parque.

Meus pais flertavam, eu paquerava, minha sobrinha fica. Cada um em sua época, são os primeiros sinais para o início do antiquado verbo namorar. Não se namora mais. Ninguém fala “meu namorado” ou “minha namorada”. O mundo mudou, os relacionamentos também. Não digo que para melhor nem para pior, só ficou... diferente. Para a geração da minha mãe, o flerte devia ser bom, para a minha, a paquera era, para a atual, ficar deve ser. Mas e o depois? E o resultado do flerte, da paquera, do ficar? É disto que falo, do significado da palavra “namorados”, cujo dia é hoje.

Querer que a juventude atual pratique “footing” seria tão surreal quanto querer que meus pais me mandassem para quermesses no “São Bom Jesus”, é claro. Cada um com sua realidade e sua época, mas bem que poderíamos pelo menos voltar a conjugar o verbo namorar. Creio que isto não seria demais, e arrisco-me a dizer que é bem provável que a meninada gostasse. Talvez se saíssem um pouco dos teclados e se olhassem nos olhos, se depois de “ficarem” resolvessem dar uma voltinha no Parque das Andorinhas (durante o dia, naturalmente) ou simplesmente parassem em uma sorveteria, pudessem gostar da experiência. Aliás, não só a meninada, mas todos nós. Não existe idade para o amor, nem para namorar. Quem sabe a moda retorne, e este dia volte a ter seu real significado?

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook