Dilma, políticos e as esperanças para 2012

02 de Março de 2012
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Em apenas um ano, a presidente Dilma trocou sete ministros implicados em denúncias de corrupção. Lamentavelmente, este é o fato marcante do quadro político-administrativo do atual governo até agora. Tornou-se claro, conforme todos os analistas políticos, que este modelo de governo compartilhado com partidos e políticos, numa espécie de divisão espúria de poderes e benesses governamentais, é a fonte maior não só dos desvios éticos como também da inatividade administrativa, em geral fator que acompanha os que se dedicam a trabalhar mais para si do que para o País. Neste contexto, é justa, senão oportuna, a indagação sobre o que será a conduta, política e administrativa, da presidente Dilma neste ano de 2012, que efetivamente já começou mas sem grandes anúncios de que possamos ter condutas inovadoras, de qualquer natureza.

Na frente econômica, se os 2,7% de crescimento do PIB para 2011 causam certo desaponto, persistem, no entanto, as informações de que o País continua com bons indicadores quanto ao emprego e quanto ao consumo, fatores que demonstram que a economia ainda mostra vitalidade. De resto, enquanto as notícias da Europa são muito negativas, demonstrando que a crise da chamada “zona do Euro” está longe de ser resolvida, o Brasil caminha com certa tranqüilidade, tornou-se a sexta economia do mundo, controla razoavelmente a inflação, a taxa Selic (juros) deverá alcançar um dígito em um mês e as autoridades econômica estão prevendo uma boa retomada do crescimento já para o segundo trimestre deste ano.

A presidente Dilma ainda tem a confiança de parcela elevada da população, segundo as últimas pesquisas. Mas a sociedade brasileira espera condutas mais firmes na frente política e no desempenho governamental. Há uma notória maior austeridade nos gastos públicos, com cortes orçamentários e controle do déficit público, fonte de vários males. O País continua com boa imagem internacional, política e economicamente, como mostram os recordes de investimentos estrangeiros. Mas será que a presidente Dilma, conforme anunciado, fará novas mudanças ministeriais, a ponto de contar efetivamente com equipe que lhe permita melhores desempenhos na governabilidade? Será que se desvencilhará das amarras políticas e poderá obter melhores desempenhos e condutas éticas, evitando a partilha do governo pelos partidos e políticos ávidos de poder e enriquecimento?

O País aguarda também, já nas eleições municipais deste ano, uma rigorosa aplicação da Lei da Ficha Limpa. A limpeza que o País espera deve começar nos municípios e agora. Espera-se também uma reforma política verdadeira. Que restaure a República, em que o Executivo governe com eficácia e ética, que o Legislativo faça leis e fiscalize o Executivo e que o Judiciário garanta a prevalência da justiça, sem o que a democracia é mera falácia. E que Minas Gerais, que vive crise econômica e administrativa, possa contar com mais apoio do governo federal, não só para as obras públicas essenciais, como o metrô, as duplicações da BR-381 e do Anel Rodoviário de BH mas também a rediscussão da dívida estadual, impagável e asfixiante. Estes são compromissos assumidos por Dilma na campanha, junto com a revisão dos royalties do minério, promessas ainda não cumpridas.

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