Estão a remendar tecido podre

31 de Janeiro de 2011
Jornal O Liberal

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Não são muitos os que alcançaram e ainda se lembram das casas com piso de terra batida, que os residentes eram obrigados a recompor muitas vezes, ao longo do tempo, se não quisessem conviver com o risco de quedas provocadas por buracos dentro da própria casa. E era trabalhosa a recomposição, pois, a terra devia ser pura, livre de raízes, pedras, vermes (minhocas) e bem seca. Só era umedecida com água, na hora de sua compactação, feita com soquetes manuais bem pesados. Só mesmo no meio rural muito pobre ainda persiste esse tipo de piso doméstico, superado em outras comunidades, primeiro pelo cimento grosso, seguido pelo cimento liso, taco, até chegar à moderna cerâmica, sem falar na tábua corrida, sucessora dos antigos soalhados, em casas mais nobres. Na área pública, a evolução deu-se, mais ou menos, da mesma forma, a partir das ruas de terra, barrentas ou poeirentas, conforme a estação climática. Pedra de mão, pé-de-moleque, paralelepípedo e bloco pré-prefabricado vieram melhorar as condições de circulação nas praças e ruas, havendo centros mais adiantados que preferem o asfalto, hoje considerado fator agravante na alteração do clima local e na facilitação de alagamentos, por impedir a penetração das enxurradas no solo. A falta de profissionais à altura dos primeiros (os verdadeiros calceteiros) e a exigência econômica da maior remuneração em menor tempo, fizeram dos calçamentos públicos um martírio para pedestres, que precisam ficar de olhos “grudados” no chão para escolher onde pisar e escapar de buracos e pontos pontiagudos, no calçamento tipo pé-de-moleque. Em calçamentos melhores, paralelepípedos se soltam e ficam na rua como mais um obstáculo além do buraco produzido! Que se ouçam as mulheres, que precisam ser autistas para circular de salto alto! Que se ouçam condutores, cujos veículos parecem verdadeiros chocalhos depois de algum tempo a circular nessa sucessão de irregularidades! Ao invés da recomposição total, até com substituição do tipo de calçamento (excluindo-se o asfalto por razões já explicadas), a administração pública realiza a operação “tapa buracos”, mediante remendos grosseiros em buracos escolhidos, largando o restante deles na base do “deixa como está pra ver como fica”. É como aplicar remendo em tecido podre! O povo não quer e nem precisa de tapete nas ruas, mas calçamento melhor e bem conservado seria bem vindo!

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