Estranho... As coisas estão encolhendo no Brasil

01 de Março de 2016

Jornal O Liberal

R.Koeppel (*)

Nos últimos meses, tem uma nova onda no Brasil. Neste período da “nova política econômica” algumas coisas diferentes estão acontecendo aqui. O que confirma que nós, brasileiros, somos criativos.

Tradicionalmente, aqui e no resto do mundo, quando você está em ambiente de inflação crescente (Inflação de dez por cento? Só se for para inglês ver, como se dizia em Vila Rica...) é obrigado a ir com um carrinho de mão, cheio de notas e moedas, até o supermercado, para comprar o que precisa. E a cada ciclo, precisa de mais dinheiro.

Agora, veja você, temos mais um “milagre brasileiro”. Você não precisa mais de usar o carrinho de mão nem de gastar todo o seu dinheiro. E, com o mesmo dinheiro, compra as mesmas coisas! Milagre do século? Ou milagre de Santa Dilma?

Mas se você ler bem os rótulos de produtos, normalmente verá impresso, num canto qualquer, em letras miúdas e em cores que não se destacam do fundo, a seguinte mensagem: “Atenção - nova embalagem! Agora com 210 gramas - Redução de 45%”. Na próxima compra você já estará acostumado e eles também podem economizar a mensagem.

Ou seja, os preços e os produtos continuam os mesmos, mas as quantidades vêm sofrendo um “emagrecimento estranho”. Talvez você até pense que está consumindo mais depressa, pois as coisas terminam em prazo bem mais curto do que antes.

Antes havia ofertas do tipo: “Nova embalagem! Você compra 2 litros e recebe 2 1/2 litros...”. Claro que não necessariamente o preço se mantinha o mesmo. Mas isto não é algo positivo, num país de política econômica séria. Nada melhor do que reduzir a quantidade e manter os preços. Ninguém nota! Breve as bombas de gasolina estarão seguindo a mesma linha: ‘Novo litro padrão Petrobrás - agora com 545 cc... - Ajude voce tambem a economizar’.

Tudo uma questão de convenção entre consumidores e fabricantes. Quiçá o Governo também reduzirá o metro para ter apenas 82 cm. Isto significara que o brasileiro, em média, cresceu 18% como resultado direto do novo padrão de alimentação que estamos sendo submetidos.

Mas, tudo tem dois lados. A água que vazou em Bento Rodrigues, algo como 55 milhões de metros cúbicos, também aumentará 18%. Ou seja, uma catástrofe ainda maior - pois serão 65 milhões de “metros cúbicos de 82 cm”. Nada é perfeito! Mas o nosso amor por Ouro Preto também se tornará maior... Com mais um capítulo da novela de sucesso nacional: “Me engana que eu gosto!”.

(*) Rodolfo Koeppel mora em Glaura e gosta de caminhar pelas trilhas coloniais de Ouro Preto. Por exemplo, a Trilha do Chafariz de Dom Rodrigo, que une Ouro Preto à Glaura, pode ser mais curta ou mais comprida, dependendo do metro. Em 2016, devemos ser modernos! Queremos um Metro de comprimento variável, tal como as metas governamentais. Poderemos esticar ou encolher, o que for mais apropriado ao momento! Encolher? Humm!... R. Koeppel teve uma aventura nos Andes da Patagonia. Viu um lago azul, Tirou a roupa e entrou no lago formado por águas de uma geleira. A água estava a menos de zero grau. Tudo muito lindo, Mas até hoje procura partes do seu corpo que lhe davam prazer. Se a coisa encolhe muito, tudo perde o sentido...