Ganância para o bem

06 de Outubro de 2017
Nylton Gomes Batista

Nylton Gomes Batista

Na semana passada, foram abordados dois assuntos que, por serem vistos quase que exclusivamente na internet, deixou muita gente com a pulga atrás da orelha e desejosa de mais informações. Contudo, que não se sintam culpadas, pessoas não conectadas à internet ou não familiarizadas com ela. Deixem isso para aquelas que são conectadas e trafegam por ela, porém em busca de futilidades, não se importando com coisas mais importantes. São como aquelas que, dos jornais, só leem as páginas esportiva e policial! Creio que a grande maioria conectada desconhece o que sejam o bitcoin e a rede MMM, sobre os quais foram tecidas algumas considerações.

Em linguagem, mais ou menos técnica, “o Bitcoin é um protocolo. É um sistema de comunicação que funciona através da Internet. Na ciência da computação a gente chama esses sistemas de protocolo. Você consegue acessar qualquer página da Web tanto do seu celular, como do computador de casa ou do seu trabalho, não importa o país que o sítio web esteja hospedado. Isso é porque o protocolo que os servidores usam para disponibilizar os websites, e que os navegadores usam para mostrar os sites é o mesmo. Os protocolos funcionam como línguas universais, que permitem que os vários computadores diferentes da Internet consigam se comunicar para realizar diferentes tarefas específicas. Outro exemplo de protocolo famoso é o e-mail: não importa o cliente de e-mail que você use, se você usa o Gmail, Hotmail, ou o e-mail da sua empresa, seu e-mail chega a qualquer caixa postal do mundo. Isso só é possível porque os servidores de e-mail espalhados pela internet todos "falam" o mesmo protocolo de e-mail.” (“extraído de blog.bussoladoinvestidor.com.br”).

Em linguagem prática e mais compreensível, bitcoin é moeda digital ou virtual (sem presença física) que circula na internet. Além de não ter presença física, o bitcoin não está subordinado a nenhum controle central e nem vinculado a qualquer governo. É negociado, diretamente, de pessoa a pessoa. A pessoa que o possui é a única responsável por sua guarda e uso nas transações, sem necessidade de qualquer identificação pessoal. A valorização do bitcoin, desde 2010, fez muitos milionários e continua a fazer por meio da mesma especulação que se faz nas bolsas de valores.

Quanto ao MMM, trata-se de uma comunidade mundial que, no momento, abrange 118 países e cerca de 240 milhões de pessoas prontas, por meio de plataforma específica, a prestar ajuda financeira, umas às outras, sempre que necessário. A primeira ação do cadastrado no sistema é prestar ajuda, a partir de um mínimo, mais ou menos em torno de cento e cinquenta reais. Decorridos trinta dias, a mesma pessoa solicita ajuda no montante da ajuda prestada, acrescida de 30 por cento, conforme regra da rede. Se lhe interessa (o óbvio ululante) retorna com o valor recebido à rede para prestar a segunda ajuda. Pode repetir a ação mais vezes sempre recebendo juros sobre juros, até que decida reter para si toda a bolada ou parte dela. Por serem as doações, em sua maioria, feitas em bitcoin, o participante ainda ganha com a valorização da moeda digital.

No primeiro momento, ao tomar contato com o sistema, assusta-se com os trinta por cento de juros, mas isso é devido ao hábito de lidar com empréstimos, que devem ser devolvidos com juros. No caso da MMM não há empréstimo mas, tecnicamente, doação. Não há contrato assinado, nada de penhora ou hipoteca! Tecnicamente é doação, mas consideradas suas características, os participantes não escondem tê-la como investimento com retorno rápido e robusto. Os trinta por cento vêm de outro ou outros doadores, porque uma doação não provém, necessariamente, de uma única pessoa, uma vez que há milhões com interesse em doar. O sistema funciona perfeitamente e se expande entre países e pessoas, sem qualquer interferência de quem quer que seja. Doar não é proibido em nenhum lugar do mundo!

Qual a razão do sucesso? Fala-se muito do MMM como rede da solidariedade, da doação em confiança com o propósito de ajudar, mas não é nada disso. O que move as pessoas ao ingresso na rede é o retorno da doação mais trinta por cento. Se fosse doação (doação de fato) a fundo perdido ou empréstimo compensado com juros bancários, poucos, mas muito poucos se arriscariam. O ser humano, por natureza, é egoísta e, em certa medida, é bom que assim seja! O matemático russo, Sergey Mavrodi, idealizador do sistema, talvez tenha seu maior mérito, não na estrutura e funcionamento do mesmo, que exigiu muito trabalho específico de sua área. Na modesta opinião deste velho escriba, ele teria jogado pesado com o fator ganância e conseguiu o efeito desejado. Discursos e mais discursos políticos, muitas ações perdulárias, demagógicas e inconsequentes, em torno de uma melhor distribuição de renda, nunca feita, estão sendo desmoralizadas pelo MMM. Quem diria! Mediante a ganância, faz-se a tão decantada distribuição de renda! Rick Falkvinge, empresário de TI (tecnologia da informação) disse que “o bitcoin fará com os bancos o que o e-mail fez com a indústria postal”. Este escriba ousa acrescentar que a mesma coisa o MMM já faz com a caderneta de poupança!

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