Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres de Lavras Novas

02 de Fevereiro de 2012
Alex Bohrer

Alex Bohrer

Dados documentais precisos acerca da igreja principal de Lavras Novas são praticamente inexistentes. Certamente o cerne da construção foi alguma capela erguida em princípios do século XVIII, marcando minerações ou caminhos, como era comum. A invocação - Nossa Senhora dos Prazeres - é bastante incomum nas Gerais, sendo encontrados poucos exemplares congêneres: destes cabe destacar a capela de Milho Verde, distrito do Serro, antiga sede da Comarca do Serro do Frio.

A fachada da Igreja de Lavras Novas tem partido característico das primeiras matrizes mineiras: frontão triangular simples, sem ornamentação decorativa ou movimentação. As torres, em telhadinho, são também características do período. No caso deste exemplar os cunhais são confeccionados já em alvenaria, e não em madeira, como era corriqueiro no alvorecer do século XVIII. Isto denota intervenções posteriores ou o uso ulterior de uma tipologia arcaica (como aconteceu, mormente, na região do Serro). O frontispício deste templo lembra em muito a esguia fachada do Rosário de Mariana, com a ressalva que na edificação marianense os cunhais são elaborados em cantaria. O corpo da igreja apresenta os corredores laterais - de uso alastrado na capitania até fins do século XVIII. Circunda toda a edificação um adro de alvenaria, caiado. Em frente ao adro ergue-se uma cruz de pedra, em cantaria.

O escudo que enfeita a portada possui características mistas do barroco e rococó. Encima todo conjunto um buquê com três flores: uma rosa e dois lírios, símbolos da castidade e pureza. Emoldura este buquê duas rocalhas, de tratamento severo, sem a graciosidade que este artifício compositivo teria posteriormente. Entre o buquê e a verga da porta se encontra uma concha, antigo símbolo mariano. Servem de base ao conjunto dois ornamentos em “c”, arrematados por volutas.

Internamente a igreja possui conjunto singelo: três altares que, pela simplicidade, não podem ser enquadrados numa tipologia construtiva precisa. Em todos retábulos a ornamentação antropomorfa (figuras humanas) somente se insinua. Exemplo do uso deste tipo de ornamentação está nas figuras femininas, espécie de cariátides, que servem de suporte ao arremate dos retábulos colaterais. O retábulo-mor, mais bem elaborado, possui características que fazem lembrar o rococó, se bem que bastante simplificado e adaptado. Todos os retábulos atualmente estão recobertos por policromia destoante. O arco cruzeiro é confeccionado em pedra de cantaria. Os púlpitos possuem base também feita de pedra.

O templo, apesar de singelo, possui interessantíssimo valor paisagístico, localizado como está no alto de uma colina, onde foi construída a pequena cidadela.

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