Nem a “oi” consegue se comunicar

19 de Agosto de 2015
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Houve época em que ter telefone era coisa de rico, e, o pobre, que não o tinha, sonhava com aquela campainha a ressoar por toda a casa, até que chegasse junto ao aparelho, então somente preto (assim como eram também os carros de luxo), para dizer um sonoro “alô” (coisa de gringo), ouvir e falar como gente grande. Como era difícil ter aquele “luxo” em casa! Não bastava ter o dinheiro – e muito – porque as linhas, ao contrário, eram poucas, o que requeria influência, tal qual a necessária para a sinecura que o pai “previdente” tratava de arranjar para o filho malemolente. De repente, abriram-se as comportas da comunicação e o país foi inundado pelo telefone, com o qual, a princípio, se teve uma relação de euforia, coisa de “quem nunca comeu melado e quando come se lambuza”. Ao longo do tempo, assim como ele se tornou para todos, pelo menos teoricamente, para tudo o telefone passou a servir. Está-se absorto no trabalho ou ocupado com assunto importante, que demanda atenção, quando a campainha grita insistente, como se o mundo fosse acabar dali a instantes; é o telemarketing, alguém a pedir ajuda financeira para essa ou aquela instituição, quando não da própria operadora a vender seus enganadores planos, raiz das reclamações nos procons, ou de algum presídio, de onde bandidos comandam golpes via celular. De presídio podiam ser chamadas frustradas, em torno de oito a dez por dia, que passaram a ser anunciadas nos últimos dias. Atendia-se, mas nada se ouvia e, logo a seguir, o aparelho dava sinal de ocupado. As ligações partiam de dois aparelhos, alternadamente, o que fez aumentar a suspeita. Poder-se-ia argumentar que isso acontece com frequência; falha devida à falta de manutenção no sistema ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Tudo bem, mas investigada a procedência das ligações, descobriu-se que os dois aparelhos são da própria Telemar/Oi. Agora fica a pergunta: se a própria operadora não consegue se comunicar com seus usuários, o que sobra para estes? É o fim da picada!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook