Nem tudo são amenidades

05 de Outubro de 2012
Valdete Braga

Valdete Braga

Queridos leitores:

Em momentos como agora eu sinto mais do que nunca a responsabilidade de um escritor. Anônimo, reconhecido, voluntário ou celebridade, não importa. Quando a pessoa se dispõe a seguir uma linha é muito difícil ser entendido fora dela.

Através desta coluna, nestes anos todos, encontrei quem goste, quem não goste, quem ache piegas e quem me diga que não perde. Eu acho isso o máximo. A diversidade é que faz o mundo girar.

Mas desde que eu comecei a escrever, do título da coluna aos meus livros, a minha mensagem sempre foi – ou procurou ser – de otimismo e valorização da vida.

Aqui eu fiz verdadeiros amigos, que talvez nem chegasse a conhecer não fossem essas Amenidades. Cada email carinhoso, cada telefonema, uma vez ganhei flores no meu aniversário com os seguintes dizeres abaixo da assinatura: “para você que me ajudou a voltar a acreditar na vida”. Meu Deus, não tem dinheiro no mundo que pague isto. Quem deve agradecer sou eu.

Através do cartão localizei a pessoa e hoje é queridíssima. Tenho outros casos – inclusive conselhos que, mesmo vindos como crítica construtiva eu também adoro. Estamos sempre aprendendo.

Por tudo isso eu quase não escrevo hoje, meus amigos. Não queria falar de tristeza, mas as vezes a gente leva cada uma que nos joga no chão. Continuo amando a vida e sendo quem sou, mas está difícil ser otimista hoje. Levei um soco na boca do estômago, daqueles em que a gente fica encurvada e com a vista turva até tomar noção do que aconteceu. Sinceramente, eu ainda não tomei.

É isso, meus queridos, nem só de amenidades a vida é feita, há horas em que estamos mais para sair socando o mundo. Eu nunca entendi porque as pessoas se machucam tanto. Às vezes simplesmente estamos no lugar errado e na hora errada, às vezes pegamos alguém em um mau momento, mas há coisas que não dá para superar.

Como eu aprendi ao longo desses anos, e muito me foi ensinado por vocês, eu sei que vai passar. A vida não deixou de ser bonita, nem eu deixei de ser a pessoa que sou. Apenas, neste momento, não consigo transmitir isso. O maior respeito que um escritor pode ter com o leitor é ser sempre verdadeiro. Gosto de passar a minha verdade, do meu jeito, agradando ou não – logicamente com ética e educação com todos. Agora o prazo para mandar o texto está vencendo, eu não consigo ser otimista e não quero ser falsa. Não consigo escrever amenidades com o coração partido. Dói tanto que não quero passar isso para você, querido leitor.

Só vou fazer-lhe um pedido: entenda esse meu momento, e tenha a certeza que eu voltarei novamente feliz e mais forte, pois “o que não nos mata nos fortalece” e eu não estou com a menor intenção de morrer tão cedo.

Grande beijo, e me aguardem. Eu volto, se Deus quiser. E Ele quer.

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