O “apagão” de mineiros no Ministério da Dilma

03 de Janeiro de 2011
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Persiste, nos meios políticos e econômicos de Minas, uma indagação preocupante: O que houve com Minas para ficar tão pouco, ou quase nada, prestigiada no Ministério da mineira Dilma Roussef? No Ministério anunciado, e já empossado, apenas um nome, o do ex-prefeito de BH, Fernando Pimentel, que é claramente uma escolha pessoal da presidente, em função de relações pessoais antigas, ainda do tempo em que militavam na clandestinidade na luta contra a ditadura militar. Pimentel tem currículo, é técnico experimentado, político importante, mas representa uma ala do PT, partido que em Minas sofre uma divisão grave e, no horizonte atual, bastante irreconciliável.

É bom lembrar que Minas tinha o vice-presidente da República e cinco ministros, em cargos importantes. E que o Estado tem o segundo eleitorado brasileiro. Na campanha foi o mais visitado pelos dois candidatos. E tem peso político e histórico, comprovados em inúmeros episódios da História Brasileira, na Colônia, no Império e na República. Não é possível, na opinião de historiadores, sociólogos, cientistas políticos, se construir uma saudável e estável política de desenvolvimento econômico e social sem a participação e a contribuição de Minas. Enfim, a participação dos mineiros tem sido decisiva na construção da nacionalidade brasileira, garantindo o equilíbrio político e social. O “brazilianist” John Wirt, em livro de grande importância, diz que “Minas tem sido o fiel da balança” na História do Brasil.

Ora, então porque o afastamento de Minas? Será que a política de Minas anda tão apagada, em valores humanos e idéias, que não é possível encontrar nomes bons? A discussão é importante e oportuna e certamente ajudaria a esclarecer o que está acontecendo. É claro que não podemos deixar de pensar que o PT mineiro, partido da presidente, está dividido e que foi derrotado para o Governo do Estado, embora tenha a desculpa de que foi obrigado, pelo próprio presidente Lula, a aceitar o nome do ex-senador Hélio Costa, candidatura difícil, com vários problemas conhecidos. Mas e o PMDB? Uma simples leitura dos deputados eleitos, com raras exceções, mostra claramente as dificuldades de qualquer escolha.

A grande liderança de Minas hoje é o senador Aécio Neves, mas na oposição. E que, certamente, por sua personalidade e peso político, irá cumprir papel importante na República e na democracia brasileira. Mas, cabe a indagação: até que ponto o afastamento de Minas se deve a esta oposição anunciada? Mas seria inteligente, da parte da nova presidente, deixar o espaço político aberto para a oposição nascente? Outra importante interrogação é sobre o apoio do Governo Federal a Minas, quanto às nossas demandas e necessidades, começando pela Br-381, pela extensão do Metrô e pelo investimento no aeroporto de Confins. Mas não é só isso. Minas precisa e merece muito mais, pelo seu peso econômico e social. Afinal, como estarão as relações com o Governo do Estado?

Pode até ser que o descuido com Minas não seja intencional. Mas é injustificável. É claro que a presidente, mineira de Belo Horizonte, não desconhece o valor de Minas. E as lideranças do PT e do PMDB certamente colocaram suas questões. Dilma fala em abrir escritório da Presidência da República em Belo Horizonte e que vai compensar Minas com cargos do segundo escalão. Mas persistem sérias dúvidas sobre este “apagão de Minas” na política nacional, na ótica governamental. Será que realmente não temos homens ou idéias? Resta-nos esperar as conseqüências ou desdobramentos deste quadro.

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook