O marketing falacioso da Cemig

22 de Março de 2012
Jornal O Liberal

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Quinze de março, Dia Mundial do Consumidor, é referência, no calendário, aos direitos que todo consumidor tem com relação a aquisição de bens e serviços. Só que nem sempre o consumidor está com essa bola toda, ficando mais preso aos deveres e sem qualquer cobertura quando se trata do respeito aos seus direitos. E, em país onde predomina a cultura da subserviência em lugar da cidadania, grande parte da população a reagir de forma passiva, na base do “deixa pra lá”, o Dia Mundial do Consumidor é oportunidade para marketing falacioso, que leva o público a crer no que parece, mas não é. A Companhia Energética de Minas Gerais, entre os consumidores conhecida como Cemig, aludiu, em nota distribuída à imprensa, ao Dia Mundial do Consumidor. Diz a nota “...Cemig, que tem por premissa o respeito a seus clientes, tem mantido desde setembro de 2011, atendimento presencial ao público em todos os municípios de sua área de atuação”. A dita premissa se revela falsa, pois entre seus clientes, estão todos seus consumidores de energia e, estes, em grande parte, estão longe de serem respeitados. Basta consultar colunas de reclamação em jornais para se certificar do que ocorre no mundo da relação cemiguiana com o consumidor. A manutenção de uma agência para atendimento presencial em cada município vale para aqueles de reduzida área geográfica, mas não resolve o de municípios como Ouro Preto, com mais de um mil e duzentos quilômetros quadrados, doze distritos secundários, além do distrito sede municipal e um sem número de localidades. Para reposição de lâmpadas da iluminação pública, aguarda-se até perder a paciência e, às vezes, as estribeiras com a malemolência no atendimento. Uma simples poda de árvore a ameaçar a rede elétrica pode levar anos ignorada. Diante de consumidores inadimplentes contumazes a empresa costuma fingir-se de morta, mas diante do eventual, o corte do fornecimento vem imediato. Quanto a esse estranho comportamento já se registrou Boletim de Ocorrência junto à Polícia Militar: a empresa deixou de cortar o fornecimento de consumidor com sete contas em atraso e cortou o do vizinho. A vítima, mesmo depois de tudo pagar, ainda teve de enfrentar a ferrenha burocracia e a espera de nove dias para ter o fornecimento restabelecido. Que não a venha a Cemig valer-se do Dia Mundial do Consumidor para engambelar gregos e troianos, neste país em que poucos tomam atitude cidadã diante da vilania de empresas que crescem à custa das necessidades alheias. A Cemig tem muito chão a percorrer até recuperar, no coração do povo mineiro, o título de “empresa simpática”.

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