O mundo acabou por duas horas

05 de Maio de 2017
Valdete Braga

Valdete Braga

Ao tentar enviar uma mensagem pelo whatssap, verifiquei que o mesmo não estava funcionando. Imaginei que fosse algum problema com o meu aparelho, pensei “depois eu peço alguém que entenda para dar uma olhada” e aproveitei para dar uma passada nas redes sociais. Foi aí que eu descobri que estávamos à beira de um cataclisma de conseqüências inenarráveis. Meu Deus! É o fim do mundo! Como vamos viver agora? Seria o caso para um suicídio em massa? Quem conseguiria sobreviver diante de tamanha tragédia? O que seria de nós, nossos filhos e netos?

O caso era tão sério que aviltou-se a possibilidade de ser o inicio da terceira guerra mundial. Sim, pois tal tragédia de conseqüências inimagináveis atingia não só Ouro Preto, não só Minas Gerais ou o Brasil, mas o mundo inteiro. Seria o caso de pais buscarem os filhos na escola? Estocarem mantimentos? Ou não haveria mais esperança e seria mesmo o fim, sem sequer a possibilidade de uma despedida dos entes queridos? O que fazer diante da intensidade desta tragédia?

Motivo da comoção mundial? O whatssap, mais conhecido pelos íntimos como zap zap ou simplesmente zap, estava fora do ar. Que horror! Que tragédia! Como alguém consegue viver sem o seu querido, amado, idolatrado zap? Como seguir com a vida sem este motivo de vida para o mundo?

Ah... me poupe! Só ironizando, mesmo. Por um lado, achei ótimo porque o problema não era com o meu aparelho, afinal de contas. Por outro, fiquei pasma com a revolta de algumas (e não poucas) pessoas. Houve as que perguntaram para saber mesmo, fato super natural. Eu mesma, se não tivesse lido a respeito, não teria ficado sabendo. Até aí tudo bem. Mas a revolta de alguns, de tão exagerada, beirava o ridículo. Parecia que duas horas sem whatssap ia mudar a vida da pessoa.

A curiosidade com o fato foi super natural, afinal eu nunca vi acontecer de uma rede social sair do ar assim (segundo informações, foi mesmo um “fenômeno” mundial). Obviamente, deve ter sido algum problema no sistema, alguma pane, sei lá, coisas que só os técnicos no assunto podem dizer. O que ficou muito claro pelo pouco que vi, foi, mais uma vez, como as pessoas estão dependentes do mundo virtual. Pelo amor de Deus! Existe telefone, existe ônibus, existem pernas. Quer falar com seu amigo, familiar, namorado? Ligue prá ele, vá à casa dele, chame-o para ir à sua casa. Coisa chata essa mania de só saber conversar com os dedos!

Não nego a importância do mundo virtual, seria burrice fazê-lo. Mas tornar-se dependente a ponto de entrar em pânico porque uma rede social saiu do ar é demais. Repito: querer saber o que aconteceu é normalíssimo, perguntar idem, mas entrar em desespero porque o amiguinho zap sumiu, como uma criança que foge de casa, é demais para a minha pobre cabecinha.

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