Dois tipos de devedores

12 de Maio de 2017
Valdete Braga

Valdete Braga

Existem dois tipos de devedores: o primeiro é aquela pessoa que faz uma dívida de acordo com o seu orçamento, calcula o valor que poderá pagar “apertando o bolso”, mas que resolva o seu problema e não o obrigue a passar necessidade. Aí, no meio do caminho, acontece um imprevisto, principalmente nesta época (triste época) de alto índice de desemprego. Esta pessoa se desespera, corre atrás, negocia, tenta resolver. Este é o devedor honesto.

O segundo tipo é totalmente diferente. Este sabe que não terá condições de pagar e “enrola” geralmente pessoas bem intencionadas, que confiam e emprestam um valor financeiro, na maioria das vezes para ajudar algum problema que o outro está atravessando. Este devedor é o famoso “caloteiro”. Utiliza-se da boa fé de amigos e depois com a maior cara de pau usa o argumento “eu não tenho como te pagar”. Por que fez a dívida, então?

Atravessamos uma época em que a situação está difícil para todos. Utilizar-se de má fé para pegar dinheiro emprestado, garantir “vou lhe pagar tal dia sem falta” sabendo que não terá o dinheiro é roubo. Quem faz isso e consegue dormir à noite não pode ser bom caráter.

Precisamos tomar muito cuidado com os falsos necessitados. Na verdade, necessitados todos nós estamos, em maior ou menor número. A qualidade de vida de 99% dos brasileiros caiu e caiu drasticamente. Dificilmente a pessoa que precisa vai conseguir um empréstimo, porque ninguém tem para emprestar. Mas existem casos e casos. Uma doença inesperada, que Deus nos proteja, um filho ou um pai que necessite com urgência, sei lá.

Dependendo do caso, faz-se um sacrifício, consegue-se com uma terceira pessoa e se passa o dinheiro para o “necessitado”. Já vi acontecer. O “necessitado” promete com a mão sobre a bíblia que vai pagar cada centavo, marca até data, e no dia, na maior cara de pau simplesmente argumenta “não tenho dinheiro”, e não faz o menor esforço para conseguir. Este é o devedor desonesto.

O ideal seria a pessoa não precisar. Mas se de todo não tiver escolha, precisa analisar bem o que vai fazer, estudar de onde virá o dinheiro para o pagamento e jamais, jamais agir de má fé. O devedor do primeiro caso, por incrível que pareça, é o que fica preocupado para cumprir o compromisso assumido, compromisso este que quando assumiu não imaginava que as coisas iam mudar. O do segundo caso não se preocupa, porque não tem o caráter ou a dignidade do primeiro. Não se preocupa sequer em dar uma explicação e há casos em que ainda se esconde de quem está devendo. Este é o segundo tipo, que fatalmente uma hora responderá por seus atos.

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook