“O uso do cachimbo põe a boca torta”

12 de Agosto de 2013
Jornal O Liberal

Jornal O Liberal

Cidadão chega a Ouro Preto, passa pela Praça Tiradentes, confere sua caixa postal na agência dos Correios e segue para a Rua São José. Cumprido o que fora fazer naquela rua, sustentado ligeiros bate-papos com alguns amigos, retorna ao cume do antigo Morro de Santa Quitéria, para outros afazeres e, novamente, desce pela Rua Direita. Entra na agência dos Correios e... êpa! Dá um tapa na testa e se pergunta, mentalmente: outra vez? Já estive aqui... por que retorno? Posta a cachola a ruminar, percebe que, raramente, desce a Rua Direita em momento diferente daquele de recém-chegado da “roça”, conforme conceito sobre os demais distritos, formado por “trezentões” do distrito sede municipal. Como não gosta de transitar (a pé) pela “das Flores”, resta a “Direita”, onde, coincidentemente, ficam os Correios e a caixa postal, onde busca correspondências, há quase cinquenta anos. Ao longo dos anos, a entrada naquela agência de postagem, ao chegar à cidade, tornou-se hábito, ato mecânico quase inconsciente, razão pela qual se sente tentado a repeti-lo a cada vez que desce a mesma rua. Por que a patacoada neste espaço? – Porque, recentemente, políticos, ocupantes de altos cargos na República, se surpreenderam ante críticas recebidas da sociedade pelo uso de transporte privilegiado, em favor próprio, de amigos e familiares, para comparecimento a eventos não oficiais e fora do contexto de trabalho. Surpreenderam-se, espernearam e se sentiram “injustiçados”. – Por quê? – O uso e abuso de privilégios tornou-se hábito, gesto repetitivo, ao longo dos anos, com pouca ou nenhuma reação por parte da sociedade. Bem já diziam vovôs e vovós que “o uso do cachimbo põe a boca torta”!

Comments powered by Disqus

Newsletter

Acompanhe-nos

Encontre-nos no Facebook