Para quê telefone?

10 de Dezembro de 2014
Jornal O Liberal

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Façam o que mando mas não façam o que faço, parece ser o lema do governo, pelo menos dentro da Previdência Social que, além de dar mau retorno ao que aposentados contribuíram, quando na ativa, joga com a paciência de segurados fragilizados por doença, pela idade e pela distância que os separa da agência mais próxima do INSS. A despeito do costumeiro cartaz quanto à prioridade no atendimento, para os mais idosos e vulneráveis, segurado que chega cinco minutos além da hora agendada não é atendido, devendo agendar novo comparecimento. Ao contrário, estando ele no local do atendimento, na hora aprazada pode ter de aguardar algum tempo, sem direito a reclamação. Mas as maldades previdenciárias vão além, nos casos de pessoas doentes com dificuldades de movimento, obrigadas a comparecer sucessivas vezes e não serem atendidas pela perícia médica, devido a problemas internos. É quando se configura o paradoxo, característico de uma sociedade saturada de meios, porém carente de ações efetivas de comunicação em momentos de mais necessidade. Poucos são os não ligados à rede de telefonia, salientando-se a telefonia móvel (celular) que alcança quase cem por cento da população. Não se entende porque o INSS deixa de usar o telefone para avisar quando um atendimento precisa ser remarcado.

Por que o celular?

Ainda a focar no telefone, o celular veio como mais um meio de ligação, pessoa a pessoa, por voz, independente de tempo e espaço (nem sempre) em que se situam os comunicantes. Da desconfiança inicial entre os ainda nem conhecedores do fixo, a novidade, bem rápido, expandiu-se, vulgarizou-se ao nível do ridículo, deixando de ser instrumento útil, porém brinquedo dispensável. Para brincadeiras inconsequentes, conversas supérfluas, distrações e desvios do momento vivido, o celular é o instrumento, porém dele se esquecem para desmarcar compromisso ou avisar sobre atraso a reuniões e encontros. Já classificado como “membro” do corpo, tal a dependência de seus usuários, o prosaico aparelho cuja posse seria opcional, ao gosto e vontade cada um, passa a compulsória, segundo conceito de empresas e instituições. Isso mesmo! Em não poucas páginas da internet, cadastros não se completam e não são aceitos, se não informado o número do celular. Só falta agora transformar o número do celular em número de identidade pessoal.

Qual é a carga tributária justa? 100%!?

Desvendado o Petrolão e divulgadas estimativas bilionárias do roubo cometido pelo governo e apaniguados, alguns idiotas partidaristas entendem de relativizar a roubalheira, alegando que os quase R$ 70 Bilhões estimados para a roubalheira nada representam perto da sonegação de impostos no país, que chegaria a quase R$ 500 Bilhões comparativamente (seja lá de onde surgiu esse último número). Então, qual é a ideia deles para uma carga tributária “justa”? 100%? Parece que sim, pois segundo números do próprio governo, a arrecadação deste no Brasil, incluindo todas as instâncias de poder, já é de 50% do PIB (dados de 2013) ou seja, 50% de tudo o que se produz no país está nas mãos de políticos para decidirem como usar. Talvez Thoreau estivesse certo na sua apologia à desobediência civil, especialmente quando surgem argumentos desse nível. E ademais, é sempre bom lembrar, em Ouro Preto, uma revolta se iniciou contra a cobrança da quinta parte, e hoje, entregamos metade.

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