Propanganda e prioridade enganosas

18 de Dezembro de 2014
Jornal O Liberal

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Não só da violência física e da roubalheira generalizada, com suas naturais consequências, vive a sociedade brasileira, sofrida, angustiada, como que desorientada no meio da encruzilhada. Muitas são as opções, porém sem norteador, corre risco de mais se perder, se distantes ficaram as noções de ética, respeito e honestidade, qualidades outrora intrínsecas do ser humano, hoje convertidas em exclusividade de heróis. A geração, que conheceu tais qualidades como selos de cidadania, assiste atônita ao desenrolar dos acontecimentos, temendo pela sorte de sua descendência. Em certa tarde das últimas, representantes dessa geração encontra-se em fila de banco, grande parte, por certo, à espera dos minguados caraminguás mensais, resposta mal dada pela Previdência Social à longa jornada de trabalho e consequentes contribuições, para se ter a aposentadoria. No cipoal de leis, decretos, normas, portarias, regras e regulamentos diz texto que cliente de banco deve ser atendido dentro de quinze minutos, contados a partir de sua entrada na fila; enquanto outra, confirmada por cartazes em todos os pontos de atendimento público, garante atendimento prioritário a grupo específico, no qual se encontram os maiores de sessenta anos. Mas, isso, no papel, porque, na prática, a coisa fica até pior. Na grande fila dos prioritários, cidadão chega à frente do caixa, para ser atendido, depois de quase uma hora, boa parte desta ocupada por cliente cara-de-pau, que sai da fila geral e vai direto à caixa da mesma fila. Para desespero dos pacientes, ou melhor, dos clientes impacientes, a dita cuja porta sacola de onde saem documentos e mais documentos para ser processados, a denotar com isso estar a serrviço de terceiros; coisa comum, tal como tirar doce da boca de criança, no paraíso dos velhacos e espertos. Octogenária desiste de mais esperar, não tolerando tamanho abuso da cliente que se faz acompanhar de pirralho desmamado, do tipo dominante, que faz birra sem fundamento, agredindo balcão com tapas e chutes, ao lado da impassivel suposta genitora. Vê-se que o pequeno títere, carente de boas palmadas na região glútea, das quais não escaparam vovôs e vovós da fila, furada por ele também, poderá ser, no futuro, mais um a avançar e violar tudo o que caracteriza a sociedade educada e organizada. E um vovô comenta: “em outra época, boas chineladas te consertariam!”

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