Protesto com endereço equivocado

08 de Abril de 2015
Jornal O Liberal

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A começar da educação, país subdesenvolvido e de terceiro mundo é carente de tudo, até da capacidade de realizar protestos públicos com o propósito de denunciar a omissão das autoridades na solução de problemas, que afetam a coletividade. Com exceção das manifestações realizadas, dia quinze de março último, relativamente educadas e ordeiras, o restante que se faz no país, por quaisquer motivos, é baderna, agressão aos direitos coletivos e falta de respeito à pessoa humana. Longe alcançar seus objetivos, tais manifestações granjeiam a antipatia do público, enquanto os principais responsáveis pela falta, falha ou omissão mantêm-se à parte do cenário, como se o assunto não fosse com eles. Em âmbito nacional, caminhoneiros, cheios de razão, levantaram-se em defesa do seu direito de trabalhar com justo retorno financeiro, mas pecaram gravemente com a imposição de bloqueios, que não afetavam as autoridades em si, porém a economia de todo o país e, em seu rastro, agrediam os direitos de outros cidadãos em seu direito de se locomover, incluindo-se doentes, em trânsito para hospitais. Tupiniquim, tradicionalmente vaca de presépio, submisso, mesmo que esteja perder até as calças, começa a se levantar em defesa de seus direitos, porém se esquece de que não se denuncia um erro com outro erro, sobretudo causando prejuízos ao semelhante também atingido pelo objeto do protesto. E a coisa se espalha. No vizinho distrito de Santo Antônio do Leite, reclamação justa, que seria contra o abandono em que aquela comunidade se encontra, virou-se contra a própria população. Com a principal via de acesso bloqueada, pessoas (até idosos com dificuldade de locomoção) tiveram que desembarcar de coletivos, para completar o percurso a pé. E as autoridades responsáveis pelo descaso, que punição tiveram? O ar se empesteou com fumaça, agredindo pulmões de toda a população. E as autoridades, às quais cabe trabalhar pelo bem-estar coletivo, sentiram os mesmos efeitos? Reclamar é preciso, protesto é imperioso que se faça, toda vez que as autoridades não cumprem com seu dever, mas, antes, organizadores devem se perguntar contra quem é o protesto. Se for contra o próprio povo, que cada um fique em sua casa. Se for para bloquear caminhos (agressão aos direitos do cidadão) fazer barulho em excesso ou incendiar pneus (agressão ao meio ambiente e à saúde pública) será mais um caso de polícia a se resolver. Que manifestantes tenham à frente líderes mais inteligentes, capazes de chamar a atenção da autoridade em questão, sem mais agredir seus companheiros de infortúnio.

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