Quem mais causa sede à população?

13 de Outubro de 2014
Jornal O Liberal

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Convencionou-se, não se sabe como, nem onde nem pra quê, que a comunidade humana é dividida entre países do primeiro e do terceiro mundo. Do segundo mundo não se houve falar e nem se sabe de sua existência, assim como dos que possam existir além do terceiro. Fica no ar também a razão de ser do primeiro ou do terceiro mundo. Observador curioso tenta identificar pontos que possam justificar a posição terceiromundista deste país grande, bobo e irresponsável. Entre usuários, que se deslocam até o distrito-sede municipal, ele está atento a muitas conversas, abertas, sem qualquer preocupação de privacidade. O calor, chegado de repente, é o assunto preferido e por consequência, a falta d'água que assola grande parte da população. Coincidentemente, ele olha para fora e vê duas mangueiras com grande jorro de água apontadas para o chão à frente de agências de automóveis. A água reclamada por muitos é esbanjada por aqueles. No terminal rodoviário do distrito-sede, água jorra pelas escadarias, sob os cuidados dos responsáveis pela limpeza (que deveria ser feita em hora diferente do funcionamento do terminal). O observador embarca em coletivo urbano, destinado ao extremo da cidade e, novamente, o assunto é a falta d'água, agravada pela alta repentina dos termômetros. Ele circula por diversos pontos, conversa com uns e outros, e sempre o assunto recorrente, a falta d'água que nunca dantes se observara em diversos pontos do município. O observador, cumpridos os compromissos agendados para aquela manhã, retorna ao terminal rodoviário de onde tomará caminho de casa. Cerca de duas horas haviam se passado e aquele equipamento municipal do sistema de transporte ainda estava sob o serviço de limpeza, gastando-se água sem qualquer cuidado. Até que deixasse o local, de volta à “roça” de onde viera, o observador aguardou por cerca de trinta minutos, tempo em que a mangueira jorrou ininterruptamente, alternando-se jatos de água no piso e no bueiro com o uso do rodo. Em país do primeiro mundo, ainda que não sob crise de abastecimento, uso e consumo de água se fazem, racionalmente; limpeza de locais públicos similares se faz sem gasto exagerado de água. Irmanam-se administração pública e população, na manutenção do mínimo de conforto para todos, igualmente, em qualquer situação. No terceiro mundo predomina a rapinagem escancarada; mandam os que têm garras e dentes mais fortes, indivíduos, empresas e administração pública a disputar como prejudicar o restante da população.

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