Ratoeira dispara na União e ópera bufa sobe ao palco em Vila Rica

27 de Novembro de 2014
Jornal O Liberal

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Nada de hinos, discursos e desfiles em comemoração relativa ao aniversário da República, mal proclamada, há exatos cento e vinte e cinco anos. Agredida, ultrajada, conspurcada por bandoleiros de gravata, o que se ouviu, pelo segundo ano consecutivo, foi a sirene da polícia à caça dos escroques, que lhe esvaziam os cofres, a despeito de quão carentes sejam legiões de brasileiros. No ano anterior, foi o “mensalão”, e neste, o “petrolão”, tudo em “ão”, a envolver centenas de milhões da moeda nacional, como é do gosto neste país grande, bobo e irresponsável, ufanista até na área do crime. Parece sina desta República mal nascida, à revelia do povo, viver sucessão de escândalos em curva ascendente. Desde o mal lembrado “anões do orçamento”,por dez vezes a República foi sacudida por grandes assaltos aos seus cofres e, da Justiça, que se esperava dura contra os criminosos, pouco ou nada se cobrou destes últimos, porque a Lei, nesta república tupiniquim, é mais mole que angu mal mexido. Nada de dura lex, sed lex; aqui tudo é “molex”. Aguarda-se do “petrolão” outro desfecho, mesmo porque, nunca dantes neste país se viu, na cadeia, tantos corruptores, titulados e amedalhados, mais para louvação que condenação, embora suas mãos andem sujas da lama do crime. Já que se fala em lei “molex”, última semana, na antiga Vila Rica, encenou-se opereta bufa, ante público estupefato, por força de defeito na balança nas mãos da Dona Justa. O presupostamente não elegível foi eleito, tomou posse, e a briga pelo cargo se transformou em angústia para munícipes, durante quase dois anos, sem definição de quem é o direito. Numa piscadela d’olhos, alcaide é deposto e, noutra piscadela, é reposto. E no meio da transição surrealista entre o deposto e o reposto, apressadinho se mete a dar canetadas. No fim, mas por enquanto, fica o dito pelo não dito, enquanto volta a quizumba à apreciação dos togados que, de acordo com a lei, podem preparar novo ato do teatro burlesco. E assim, no vai-não vai, no espicha-encolhe, no ata-desata, não “obra” e não sai da moita, Vila Rica vai contando seus dias, enquanto paciência houver.

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