Responsabilidade cidadã é manga de colete!

09 de Novembro de 2014

Jornal O Liberal

Por falta de espaço é que ninguém deixa de expressar sua livre opinião, dar pitaco em qualquer assunto, ainda que não versado no mesmo. Mesmo não tendo conexão própria à web, lan houses a fazem por alguns tostões (alguém se lembra?) e há sempre um amigo de boa vontade, pronto para iniciar o novo comunicador. Nunca antes, neste mundo, a comunicação foi tão valorizada e nem tanta gente pôde praticá-la como agente ativo. Muitos valores pensantes deixaram o esconderijo do anonimato, marcado pela timidez e subestima, trazendo à luz trabalhos que, a depender de outra mídia, estariam fadados ao desconhecimento dentre o público. Mas, em sendo de natureza democrática, a internet, por sua outra face, traz também o pior que pode existir quanto à produção de textos e imagens. Mais do que nunca, o reprovável também tem maior divulgação, para a sedução de incautos e arregimentação dos que, em desvio de conduta, têm como meta o prejuízo do próximo. E o campo se amplia com a captação de imagens, sobretudo em vídeos, a grande onda do momento, por meio da qual tudo vai ao ar, desde a inocência infantil até a sanha do crime. Cena de briga entre jovens escolares vira diversão na rede; gesto infeliz vira zoada e expõe pessoas ao ridículo; atropelamento seduz curiosos mórbidos; tragédias coletivas se tornam “superproduções” e até crime explícito ganha espaço na web. E não se sabe de intervenção do autor, em cenas trágicas, ou conflituosas, com propósito de ajuda ou solução. Sem o equipamento de imagem nas mãos, tais testemunhas se esquivam do cumprimento do dever de ajudar no esclarecimento; com o equipamento, fazem alarde e se esquecem de que podem se converter em coniventes na prática deletéria. Onde está a responsabilidade cidadã?