Semana difícil

17 de Março de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

Tivemos uma semana pesada no cenário político nacional. As nuvens já estão negras há muito tempo, mas estão começando os temporais, e desta vez o que chama mais a atenção não são nem os escândalos, em si, mas as reações prós e contras, de algumas pessoas que acusam e defendem de acordo com o envolvido e seu partido político, e não com o fato. Claro que tem gente com argumentos também, não são destes que falo. Quando a fala é embasada em argumentos sólidos, eu gosto de ouvir, concordando ou não. É bom trocar idéias, sempre temos o que aprender, e mesmo que não concorde, eu respeito quem sabe conversar. Fanatismo é que não dá para agüentar, de nenhum lado.

Já perdeu o sentido essa história de “militar” por siglas e pessoas e não por idéias. Parece que só existem dois políticos no país inteiro, Lula e Aécio. Pelo menos foi isto o que se viu esta semana. Quem é do lado de um, quer que o outro seja investigado. Quem é do lado do outro, quer que o um seja investigado. Pior: quem é do lado de um quer ver o outro na cadeia, e quem é do lado do outro quer ver o um, muitos sem nem se informarem sobre o que está acontecendo. Independente dos fatos, enxergam a pessoa e a sigla envolvidas.

Triste este fanatismo desenfreado, sem noção, sem argumento, só por ser. Triste ver pessoas que poderiam somar, tão bitoladas, que só enxergam o que querem enxergar. Repito: isto ocorre dos dois lados. Se não é direita, é esquerda. Se não é esquerda, é direita. Se não está do meu lado, está contra mim. Se não apóia o mesmo candidato ou partido que eu, está errado. Será que em um país tão grande, que parece às vezes ter mais candidatos do que eleitores, é preciso essa guerra de foice, essas agressões que não raro chegam a ser físicas, por dois “lados”, como se só existissem o branco e o preto, o 8 e o 80?

Fico realmente incomodada quando vejo pessoas se agredindo sem que nem elas mesmas saibam porque. Tenho amigos, e quando digo amigo é amigo mesmo, não apenas colega, com idéias políticas radicalmente diferentes das minhas. Eu sou água, eles são vinho. Nunca brigamos por causa dessas divergências. Logicamente, há momentos em que um tenta convencer o outro, isto é natural. Mas quando percebemos que não tem como chegar a um denominador comum, cada um fica com a sua verdade e ponto final.

Argumentar, tentar convencer, apresentar sua versão dos fatos, enriquece qualquer conversa. Exigir pensamento igual, não. Ofender quem pensa diferente, menos ainda. Defender ou acusar sem saber porque, então, não dá nem para comentar.

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