Os intrusos do entrudo. A cidade tomada. Anestesiada e confusa. Ladeiras cheias de gente, mijo, cerveja, festa, funk, folgados, suor, sol e coisas...
O “thun thá thucuchum thum thá” que substitui o “parararararará”! Abadá no lugar da fantasia. Energia profana que anuncia a morosidade. A liberdade presa durante o ano. Bebês, Amys, militares, coleiras, latas, samba, fumaça, pirofagia, hippies, traquinagens, confetes, cobra, vermelhos e Conspirados. Loucos e felizes. Catito e canto. O largo da Alegria e sua energia particular dos Candoguêros. A força do verbo ouropretar de Edmundo. Vandico que brinda os ouvidos com o lamento do fim. Aquele que zela pela felicidade. Os Pereiras de outras bandas. Bandalheira Inconfidente. Piratas encaixotados! Enfim, o fim melancólico do lamento dolorido que pede para o samba não morrer!
Cada um tem o carnaval que merece. Ou quer. E é isso o mais legal de nossa folia. Democrática. O pior é o de sempre. Trânsito intransitável com um sistema de transporte público completamente sucateado e que precisa ser repensado não só para o carnaval.
Aliás, o povo daqui merece muito mais respeito. Transporte digno, que é pago, é o mínimo que se pode ter. E se a cidade depende dos turistas também, deve então ter uma infraestrutura digna que possa os receber.
Este ano pudemos perceber que a festa pagã teve menos pompa, mas continuou deliciosa. Desta vez Ouro Preto se tomou pela alegria insana de querer pirar. Espíritos de porco à parte, além da Cruz, não tivemos nenhuma ocorrência maior.
A economia da cidade se movimenta em torno dos seis dias. Taxistas, ambulantes, pousadas, repúblicas, mercados e afins. A alegria que não se recalca. A hipocrisia posta de lado. Um vagabundo qualquer, sem filho e mulher, e que veio de lá pequenininho...
Os quarentões e a alegria. E a energia única do carnaval que marca o início do ano.
Espero que um dia as pessoas saibam separar uma coisa de outra coisa. Alterando ou não o samba, mas sempre seguindo adiante. Rindo pra não chorar e vivendo sem ter a vergonha de ser feliz.
Por morar aqui,
A gente já não mais
Se emociona...
Perspectivas peculiares...
Por morar aqui,
Ignoramos pessoas,
Bairros,
Crenças,
Pôr do sol...
Por morar aqui
Me emociono
E agradeço
Pela dádiva
De morar aqui...
Amanhã tem Geléia Real. À caminho do ano 5. É nóis!
Liberte seus ouvidos!