Túnel de Ouro Preto aguarda apenas aprovação pelo IPHAN

06 de Maio de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Está com a presidente do IPHAN, arquiteta Jurema Machado, o projeto e estudos para construção do túnel em Ouro Preto, conforme projeto do prefeito José Leandro. A presidente do IPHAN, que já trabalhou na Prefeitura de Ouro Preto, como coordenadora do Plano Diretor elaborado em 1994, já esteve na cidade para observação direta dos locais e condições de implantação do túnel, podendo a liberação ocorrer a qualquer momento. A Prefeitura, por sua vez, afirma que, tão logo obtenha a autorização do IPHAN, dará início à obra, já dispondo dos recursos financeiros necessários. O projeto do túnel foi elaborado pelo arquiteto Geraldo Fonseca, de BH, especialista neste tipo de obra e já conta com o programa executivo detalhado de engenharia.

Com extensão de 270 metros, em mão dupla, o túnel tem início entre a Santa Casa e o Posto de Gasolina, na Rua Padre Rolim, saindo na Rua das Lages, no espaço atualmente ocupado pelo Corpo de Bombeiros. O estudo de impacto no tráfego da Praça Tiradentes, já realizado, prevê uma redução de 70% dos veículos que atualmente são obrigados a contornar a Escola de Minas ou descer pela Rua do Ouvidor para alcançarem os bairros em direção ao Antônio Dias e ao Padre Faria, como também a cidade de Mariana. Segundo os projetistas, esta é a melhor solução para a cidade e seu trânsito que, a cada dia, se agrava pelo excesso de veículos, já fazendo com que a mobilidade urbana de Ouro Preto seja hoje um dos principais problemas da cidade que “tem traçado do Século XVIII e dinamismo do Século XXI”.

Lembram os defensores do túnel que renomados professores da Escola de Minas, os engenheiros Salatiel Torres, Antônio Calais, Antônio Pinheiro Filho e Cássio Gonçalves, eram defensores desta solução, tendo a colocado em debate em diversas ocasiões. O professor Cássio Gonçalves, quando presidente da Fundação Gorceix, chegou a elaborar projeto para o túnel, apresentado à Prefeitura de Ouro Preto. A ideia, portanto, é antiga e conta com amplo apoio da população da cidade, que sofre diariamente a dificuldade do trânsito, numa cidade de topografia acidentada, de traçado urbano medieval, com ruas estreitas e tortuosas, implantadas conforme as curvas de nível, resistindo a qualquer planejamento racional.

Quanto à questão de preservação do conjunto urbano setecentista, com tombamento pelo IPHAN desde 1938 e inscrição na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade, da Unesco, alega a Prefeitura que não haverá impacto paisagístico que poderia representar descaracterização grave. A rigor, não há construção em volume que possa transgredir a paisagem e o benefício que representará, reduzindo os impactos negativos do trânsito na Praça Tiradentes, serão bastante compensadores. Lembra ainda que o estudo geológico mostrou que a área a ser perfurada não apresenta maiores dificuldades, permitindo que a obra possa ser concluída num prazo máximo de um ano e meio. Cabe ao IPHAN cuidar para que a execução da obra tenha bom desempenho, com qualidade e esmero, minimizando os impactos negativos visuais para a cidade visitada por turistas de todo o mundo.

Outros projetos visando minorar a grave questão do trânsito em Ouro Preto estão em discussão, entre eles a implantação de avenida que começa no Passa Dez, na antiga Escola da Febem e alcança a Praça da Estação, proposta já apresentada pelo arquiteto português Viana de Lima, enviado a Ouro Preto em 1970 pela Unesco e que estudou detalhadamente a malha urbana ouro-pretana. Trata-se de uma avenida sanitária, em leito natural e que também permitiria retirar tráfego das ruas centrais de Ouro Preto. Para estacionamentos, a solução em debate é o aproveitamento dos desníveis de várias ruas para garagens cobertas, além de um redirecionamento geral dos fluxos de veículos. Enfim, são soluções da moderna engenharia, já implantadas em outras cidades históricas no exterior.

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