Estatísticas da criminalidade são bastante assustadoras

13 de Maio de 2014
Jornal O Liberal

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Mauro Werkema

Educação e Saúde lideravam, em todas as pesquisas de opinião pública, as reclamações principais da população brasileira. Hoje, a questão da segurança, com o notória aumento da criminalidade, lidera as pesquisas. A última estatística sobre ocorrências criminosas em Minas, conforme registro oficial, dava conta de um aumento de 27% nos diversos crimes, assaltos, homicídios etc. O número assusta. Não se trata de um crescimento vegetativo, próprio do crescimento da população, mas de um relativamente súbito e muito elevado percentual, o que demonstra a existência de fatores novos, supervenientes, causadores desta estatística preocupante. De resto, todos nós temos nestes nossos dias notícias de conhecidos e parentes vítimas de alguma ação criminosa, sobretudo assaltos, roubos e mortes.

Tornou-se uma epidemia e que atinge não somente as grandes cidades, mas também as interioranas, mesmo as menores, para onde parece estar se mudando a ação de bandidos, cada vez mais ousados. Quais seriam as causas mais imediatas deste crescimento, aparentemente em contradição com a realidade socioeconômica? É certo que ocorreu clara melhoria na condição econômica das camadas mais pobres da sociedade brasileira. E que o emprego atingiu hoje o índice mais baixo historicamente, entre 5% e 7%, o que pode ser considerado pleno emprego. Então, não parece, em análise mais ampla, que a melhoria da condição social brasileira representou redução da criminalidade.

Seria a retração da ação policial, menos presente ou mais despreparada? Ou ainda, como hipótese, o estímulo à impunidade dada pela ação da Justiça, conforme aponta a própria polícia, que afirma que prende, mas o criminoso logo está de volta às ruas, para novos crimes, liberado pela Justiça, como temos visto quase que diariamente no noticiário. Ou ainda, o mau exemplo dos políticos e seus apaniguados sempre envolvidos em corrupção, desvio de dinheiro público e toda uma gama de malfeitos, hoje também um dos grandes males que assola o Brasil e que leva a vida pública a um crescente descrédito? O fato é que a criminalidade aumenta e a polícia parece incapaz de evitar a entrada de drogas e o comércio de armas, dois fatores que aceleram a ação de bandidos.

É certo que a sociedade brasileira ainda continua muito desigual. Persistem no país bolsões de miséria extrema, aglomerados favelados, áreas conflagradas, dominadas por traficantes, sem a presença do Estado provedor de educação, saúde e emprego. São estas áreas onde se formam os criminosos, ainda jovens, recrutados pelo tráfico e que, segundo estatística cruel, morrem muito cedo, assassinados pela polícia ou pelos próprios traficantes. E sabemos que o crack, droga mais barata e muito disseminada, leva a pessoa a abandonar a família e a residência, vindo a integrar o grupo dos moradores de ruas, uma penosa e triste realidade, que forma as chamadas “crackolândias”, onde a degradação humana alcança níveis extremos.

No Rio, onde a criminalidade está estruturada e domina grandes aglomerados, assistimos diariamente conflitos e mortes, em que pese a presença das chamadas Unidades Pacificadoras e onde já há o Exército, presença emergencial, mas necessária, em suporte às forças policiais. Triste realidade, que leva ao mundo uma imagem muito ruim do Brasil, no momento em que se prepara para receber a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. É igualmente muito triste, senão surpreendente e assustadora, a capacidade de grupos criminosos, do colarinho branco, de se organizarem para assaltar os cofres públicos, nas empresas estatais, nas ações que visam fraudar ou desviar dinheiro. Será que no Brasil o crime compensa, em que pese à ação da Polícia Federal, que está sempre anunciando operações de desbaratamento de quadrilhas? Será que a impunidade é tão disseminada a ponto de estimular os crimes? Enfim, este é um triste aspecto do quadro brasileiro da atualidade, a desafiar governos e governantes. E vamos constatando que o crime não é só entre os pobres, mas também entre os ricos e os poderosos. Por isto, seria algo endêmico ao Brasil.

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