Um corrupto na política brasileira

30 de Setembro de 2015

João de Carvalho

ESTOU LENDO um livro que, através de uma clareza meridiana, devassa o comportamento de alguns políticos, na sua sanha incontida, viciosa e irrefletida, às margens da lei, buscam fundos monetários, para suas campanhas eleitoreiras, na época, no período das eleições municipais e estaduais. O autor, utilizando de nomes fictícios, reconstrói as atitudes burlescas de um deputado em busca do poder. As atitudes comportamentais do deputado são colocadas da forma mais limpa e clara, revelando, ou mesmo pondo a nu, sem subterfúgios, as ações antiéticas, antimorais, anticonstitucionais, através de suas negociatas ilícitas, com assentimento e participação de prefeitos corruptos e corruptores, assim como , através de líderes comunitários comprados, empresas desonestas dispostas ao financiamento de campanhas, e, igualmente de agiotas, todos uníssonos bancando campanhas individuais, ao arrepio das leis constitucionais, eleitorais, penais, estaduais e municipais, assim como decisões jurisprudenciais e portarias específicas, nos períodos eleitorais.

O NOBRE DEPUTADO é o título do “Relato chocante e verdadeiro de como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na política brasileira”, escrito pelo juiz maranhense, Dr. Márlon Reis, impresso pela Editora Leya, ano 2014, composto de duas partes. I – De onde vem o dinheiro. II – Como converter dinheiro em votos.

O livro, pela sua absoluta clareza, coragem explícita e forte, merece ser lido por todos os políticos, prefeitos, vereadores, deputados, agiotas, empreiteiros, advogados, pais e professores, assim como estudantes universitários e representantes comunitários que tenham (e devem ter) conhecimento das manobras ilegais de políticos corruptos que buscam os votos do povo, este quase sempre ludibriado, por meios escusos, ilícitos, criminosos, com a maior cara de pau.

APENAS PARA ARGUMENTAR, eis alguns tópicos:

*“A política é movida a dinheiro e poder. Dinheiro compra poder e poder é uma ferramenta poderosa para se obter dinheiro... No Brasil, não importa o Estado, a única coisa que vira o jogo é uma avalanche de dinheiro”(página 21).

*“Eu (deputado) tenho 14 prefeitos sob minha influência. Eles me ajudam a ser eleito. Eu os ajudo a permanecer no poder em seus municípios... A emenda parlamentar é uma fonte certa e segura de garantir que nossas necessidades sejam atendidas”(página 25).

*“Nós (deputados) endereçamos a verba para prefeituras amigas, comandadas por aliados, por correligionários que vão reservar uma parte para eles próprios e separar a justa fatia do parlamentar que conseguiu a emenda”(página 31).

Você é candidato a prefeito com boa probabilidade de vitória. Falta dinheiro?

*“Aparece o agiota, o mal necessário. Ele é um Mestre em identificar fraquezas”(página 66).

*“A moeda dele é o orçamento. Ele invade o espaço público e depois será recompensado com verbas da saúde, da merenda escolar, do saneamento básico, do pagamento do funcionalismo”(página 67).

*“O preço a ser pago por voto varia de acordo com a reputação do cabo eleitoral. Bons cabos eleitorais operam milagres. Cada voto tem seu preço”(página 88).

ENFIM, o livro termina mostrando que o ponto crucial desta história toda é que “De nada valeriam as emendas parlamentares, as licitações arranjadas, os convênios fraudulentos para a campanha se não houvessem eleitores dispostos a vender seus votos” (página 105).

(Acesse: www.leiturahobbyperfeito.blogspot.com.br)