Uma visão simplista

20 de Janeiro de 2015

Valdete Braga

Não vou falar sobre terrorismo. Não vou falar sobre liberdade de expressão. Tampouco vou falar sobre religião. Tudo isso já foi falado demais. Vou ser bem simplista e objetiva: nada justifica assassinato. Doze pessoas foram mortas em seu local de trabalho, e outras tantas ficaram feridas. Como alguém, em sã consciência, pode justificar isto? Motivação religiosa? Não existe motivação para assassinato em série.

Os três homens que entraram na sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, e mataram pessoas em seu local de trabalho, independente de serem jornalistas, cartunistas, pedreiros, carpinteiros, etc., são assassinos frios e ponto final. Não vou questionar o que os cartunistas desenhavam, não vou falar sobre aspecto religioso, não vou “filosofar” sobre o fato. Isto já foi feito amplamente, e pelos argumentos que li e assisti, ainda existem, infelizmente, argumentos políticos de um lado e de outro.

O fato é visível e simples: assassinatos foram cometidos. Ponto. Quem matou pode ser islamita, católico, espírita, budista, mas é assassino. Que me desculpem se eu estiver sendo simplista demais, mas é como vejo a questão. Obviamente, existe um histórico a ser levado em conta, mas não justifica. Isto nunca.

Justificar o ato seria, dadas as devidas proporções, e eu friso “dadas as devidas proporções”, justificar estupro porque a mulher usava roupa sensual ou justificar o marido que assassina a esposa porque ela tinha um amante. Dadas as devidas proporções.

O jornal utilizava sátiras condenáveis? Ofendia pessoas? Abusava do poder da imprensa? Não sei, não o conheço com profundidade para dizer, mas supondo que o fizesse, ainda assim não há justificativa para alguém entrar em sua sede e sair metralhando as pessoas a torto e a direito. Se todo mundo que se sentir ofendido com alguma publicação resolver matar o responsável, não vai sobrar ninguém no mundo. Em época de internete, então... Deus nos livre! Não há política, religião, nada, nada, nada que justifique o que aconteceu. A indignação do mundo diante do fato, sim, é justificável. Mais do que isto: é louvável.