Verdade objetiva

08 de Junho de 2014
Valdete Braga

Valdete Braga

Uma amiga estava muito triste porque havia sofrido uma injustiça. Alguém falara mentiras sobre ela e o namorado não só acreditou como veio pedir satisfações. Magoada, ela terminou o namoro e me disse que não o fez pelo fato dele pedir explicações, mas por ter acreditado na mentira. Perguntei se ela não estaria tomando uma medida extrema, e sugeri uma conversa franca com ele. Ela respondeu que eles estavam juntos há dois anos, e se ele agora acreditava em mentiras que a denegriam, seria muito pior no futuro.

– Você o ama? Eu perguntei.

– Sim, mas amor não é tudo em um relacionamento – ela respondeu.

Conversamos bastante, mas a frase dela ficou em minha mente. Grande verdade. Não apenas entre casais, mas qualquer relacionamento é embasado em uma série de sentimentos. Um complementa o outro. Não existe amor sem confiança, seja amor entre casais, entre amigos, ou mesmo entre parentes. Até dentro de nossa casa, se não houver confiança, o relacionamento fica difícil. Obviamente, nem tudo é perfeito, somos humanos e “pisamos na bola” de vez em quando. Dúvidas acontecem, geradas pelas mais variadas razões: ciúme, insegurança, incerteza, entre outros, podem causar problemas entre pessoas que se gostam. Mas se a situação for explicada, a pessoa em questão expor os seus motivos e a outra não aceitar, a coisa muda de figura.

Concordei com a minha amiga. Se alguém, amigo ou não, tem alguma dúvida a meu respeito e me pergunta, acho isto natural e respondo sem o menor constrangimento. Mas não admito ser questionada quando falo a verdade. Quem não acredita em minha verdade está me chamando de mentirosa e isto, para mim, é inadmissível. Estou me referindo à verdade objetiva, quando alguém pergunta “você fez?” ou “você foi?” ou “você disse?”. Neste caso não há opção: ou o outro acredita ou não. Se acreditar, ótimo; se não, azar o dele. Não tenho tempo nem vontade de sair tentando convencer ninguém de nada. Quem nos conhece sabe como somos, quem não conhece; se quiser conhecer será um prazer, se não quiser, fazer o que?

Obviamente pagamos o preço por ser assim. No caso da minha amiga, custou-lhe o namoro de dois anos. Mas como ela mesma deixou claro, antes pagar o preço agora do que manter aparências e sofrer duplamente mais tarde. Entre adultos não deve existir esta história de “fiquei sabendo” ou “me disseram”. As pessoas podem perfeitamente esclarecer a situação sem agressões ou ofensas. Acreditar ou não é direito de cada um, mas da mesma forma, é direito de quem diz a verdade (verdade objetiva, como já disse) aceitar ou não a descrença do outro.

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