Viajando na utopia

19 de Agosto de 2016
Valdete Braga

Valdete Braga

Um amigo aniversariou este final de semana e ofereceu uma recepção em sua casa, em comemoração. Por ser pessoa muito conhecida e querida, a casa ficou cheia, muita gente, um ambiente gostoso, tudo muito agradável.

Como não podia deixar de ser, o assunto “eleições” vinha a tona, vez ou outra. Não é segredo para ninguém que este não é o meu assunto preferido, mas faltando aproximadamente quarenta dias para o pleito, seria exigir demais que ele não fosse objeto de conversas em rodas de amigos. E, uma vez presente, não participar seria não só indelicado, como falta de educação.

Para minha surpresa, quando percebi estava também falando, dizendo o que penso, trocando idéias e aprendendo bastante (toda conversa pode ser motivo de aprendizado). Mais tarde, em uma mesa com amigos, fiquei analisando o teor das conversas, as pessoas, as idéias, e o óbvio se fez presente. A “diferença” entre aquelas conversas políticas e outras que andei presenciando poderia ser resumida em uma única palavra: respeito. Havia no local pessoas de várias, eu me arriscaria a dizer todas as facções políticas apresentadas. Como era muita gente, havia pessoas de todos os tipos e linhas partidárias. Presentes, inclusive, vários candidatos.

Durante todo o tempo, não ouvi ou vi uma única ofensa ou agressão. Ninguém brigou, ninguém gritou, ninguém xingou ninguém. Às vezes, bem raras por sinal, um ou outro elevava o tom de voz, no afã de mostrar a sua posição, mas nada que chegasse ao desrespeito, e em todas as vezes, eu fiz questão de observar, o próprio narrador voltava atrás e se controlava.

Viajei um pouco na utopia e fiquei imaginando porque não pode ser sempre assim. Por que as pessoas, sejam os candidatos, os cabos eleitorais ou os eleitores, não podem conversar sem brigar, trocar idéias sem ofender, pensar diferente sem se tornarem inimigos? Por que as pessoas não podem ser adversárias e não gladiadoras, como vemos por aí?

Há de se levar em conta alguns aspectos, como o contexto, o local em que estávamos, o ambiente, etc. Uma festa de aniversário não é um palanque eleitoral, ou um local político. É claro que isto conta, as pessoas estavam ali descontraidamente, em uma festa, e, o mais importante, na casa do anfitrião.

Ninguém seria louco de “criar clima” em um ambiente tão saudável, e onde era convidado. Mas é exatamente aí que eu quero chegar. Por que este mesmo controle, demonstrado por todos, sem exceção, não pode acontecer em outros ambientes também? Respeito não tem morada fixa. Pode e deve existir em todo e qualquer lugar. Ainda na minha utopia, comentei com amigos como seria bom se essa mentalidade perdurasse em todas as pessoas e em todos os lugares! Para minha alegria, todos concordaram. Onde há candidatos diferentes, vai haver posições diferentes. O que falta para muitos entenderem é que ser diferente não é ser inimigo, discordar não é ofender, e, principalmente, que o debate com respeito só acrescenta. Evoluímos tanto em alguns aspectos, mas algumas coisas, infelizmente, não mudam.

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