Vivendo ou morrendo no Brasil. Você decide!

27 de Abril de 2016
Jornal O Liberal

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R.Koeppel (*)

Num desenho famoso, que está aqui ao lado, o personagem Charlie Brown comenta para o seu cachorro: “Snoopy, um dia, nós vamos morrer...”. E o Snoopy responde: “Sim, mas em todos os outros dias, a gente vai viver...”.

Não é filosofia canina, é algo que devemos pensar a respeito. Guimarães Rosa disse que “viver é muito perigoso”. O que é verdade, pois a vida nos leva à morte. Mas, já que temos apenas um dia quando iremos para a porta de saída – como dizem: sair desta para a melhor? – aproveitemos todos os demais dias.

Estamos vivendo um período muito agitado e emotivo no Brasil. As coisas não vão se encaixar em curto prazo e será um tempo muito difícil para todos. Todos acham que estão com a razão. Ainda que, desde a época colonial em Ouro Preto, dizia-se: “Em casa que não tem pão, todos berram e ninguém tem razão”. Hoje, com as redes sociais, podemos berrar a vontade. Se alguém vai nos escutar, não sabemos. Mas sabemos que a razão não esta com “eles” e muito menos “conosco”. Cada lado tem um pedaço da verdade e precisamos ter o espírito aberto, para convivermos fraternalmente.

Muitos pensam que o tumulto atual poderá levar-nos ao caos. Quiçá até podem ocorrer mortes – o que alguns irresponsáveis, dos dois lados, desejam. Mas a morte só ocorre uma vez na vida, todos sabemos disto. E o Snoopy tem toda razão: para um dia de morte, que nunca sabemos quando, temos milhares de dias de vida, que sabemos que virão certamente.

Lendo a história do Brasil dos últimos 70 anos, fica-se assustado com coisas que aconteceram. Mas nem por isto, o mundo acabou: Jânio Quadros, um maluco que foi Presidente do Brasil, pediu demissão sem que ninguém soubesse por que razão. E lançou o país num período tumultuado, pois o vice-presidente Jango estava na China e muita gente não queria que ele tomasse posse.

Anos depois tivemos Collor, que meteu a mão no bolso de todos os brasileiros, deixando-nos com apenas R$ 50 na mão. Foi duro, mas sobrevivemos. E é incrível: Collor também sobreviveu e ainda hoje fala grosso em Brasília.

Claro que houve coisas boas, como o corte da inflação sob gestão de Itamar (ao qual também sobrevivemos, ele tinha momentos muito simplórios) e de Fernando Henrique Cardoso. A inflação, que roubava dos pobres e dava tudo para os ricos, foi algo inacreditável, para quem viveu naqueles anos. Mas também não morremos, apesar do sofrimento de todos. Com o plano Real, de repente, o trabalho tinha tanto valor quanto o capital (Ooops! Pode ser uma coisa que teremos que lutar para restabelecer... E eu lhe asseguro: a inflação é uma obra do Diabo!). E depois tivemos muitos anos com um tempo bom, onde todos nós crescemos. É isto que devemos ter em mente, quando, nos próximos dias, tivermos que discutir com amigos e inimigos quais serão os próximos passos que todos os brasileiros darão. O futuro se constrói com trabalho, não com falcatruas.

Estamos iniciando uma nova travessia. E lembrando Guimarães Rosa: “Na vida, nem na chegada nem na partida. O prazer e as emoções estão na travessia!”. Nesta travessia teremos dias com trovoadas e destruição (lembre-se de Bento Rodrigues) ou dias com um sol radiante e crescimento de tudo? Você decide!

(*) Rodolfo Koeppel fica um pouco infeliz enquanto está em Belo Horizonte, mas nos dias que está em Glaura, entre gente simples e boa, tem uma certeza: um dia feliz vale muito! E o Snoopy nos assegura que estes dias são muitos. Portanto, devemos aproveitá-los! Email: Rodolfo.koeppel@gmail.com

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