Volte, Iphan, para ver o que fez!

24 de Março de 2017

Jornal O Liberal

Nada é para sempre e tudo tem um fim; certo? Certo, mas, nestes tempos de consumismo, a efemeridade está a tomar conta de tudo, num movimento tão rápido, que mal se dá conta do que é do que já foi. Tudo durava uma eternidade, até alguém falar, assim não poder ser, porque a alguém, no futuro, ficará sem o que fazer! Tomado como exemplo o prosaico guarda-chuva , entende-se melhor o que se quer dizer. Não é preciso já ter contado muitos anos, para perceber que o tempo de vida dele tem se reduzido na proporção inversa ao alongamento da vida do seu dono. Já foi objeto resistente, bem durável que passava de pai para filho e o neto, mas, dia virá, e com ele também o guarda-chuva da hora, para se usar uma vez e, pronto, virar material reciclável! Imagine-se esta mentalidade no tempo da construção dos grandes monumentos que, hoje, atraem a atenção de milhões e fazem mover a indústria do turismo. Pois é, justamente uma dessas obras, que resiste às intempéries e ações do homem há quase trezentos anos, corre o risco de se danificar, irrecuperavelmente, devido a trabalho de conservação, executado para durar pouco. A igreja-matriz de Nossa Senhora de Nazaré, ficou fechada e entregue a obras de restauro, durante alguns anos. Custa-se crer que, não passados três anos de sua entrega, sob pompa e circunstâncias, o telhado dê mostras de ter sido recuperado por aprendizes, mal aplicados no seu mister. A chuva, menos frequente nos últimos anos, muitas vezes anunciada e não caída, parecia se conter para não causar o desaponto, até que, há alguns dias, desabou com mais fartura. Foi então que se viu o telhado a vazar água como peneira! A igreja, tanto tempo fechada sob as ordens do poderoso IPHAN e dinheiro público nela aplicado, a esperar que as futuras gerações também se orgulhem do sacro monumento, foi tratada como simples galinheiro, mantido de pé mediante gambiarra, para ver o que acontece.